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Recuperação Econômica na Europa: Retórica
e Realidade
Por Ulrich Rippert
28 de agosto de 2009
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Publicado originalmente no WSWS em 20 de agosto de 2009.
Em Paris e Berlin, setores da mídia e políticos
não falam de outra coisa senão de um suposto fim
da recessão e do início de uma recuperação
econômica.
Torsten Riecke, escrevendo no jornal de negócios alemão
Handelsblatt, afirmou: O maior declínio desde
a Segunda Guerra terminou. O pesadelo chegou ao fim.
Com um poderoso crescimento de 0,3% no segundo
trimestre, continua ele, a economia acordou de seu estado
de choque, e o fez mais rapidamente do que qualquer
um poderia notar.
No mesmo sentido, o Frankfurter Allgeimeine Zeitune,
escreveu que a recessão aproxima-se de seu fim
em 16 países da Zona do Euro. Graças ao peso
econômico da Alemanha e França, declarou, a
performance econômica da Zona do Euro caiu muito pouco
no segundo trimestre deste ano.
De acordo com dados divulgados pela Eurostat no final da última
semana, o PIB na Zona do Euro declinou apenas 0,1%, se comparado
com o do trimestre anterior, após uma queda de 2,5% nos
quatro primeiros trimestres do ano.
Analistas apostam em recuperação
foi a manchete do Financial Times Deutschland, que escreveu:
A crise acabou: especialistas do mercado de ações
não tem proferido prognósticos tão otimistas
para a economia alemã desde 2006. A recuperação
nos mercados financeiros e de produção está
levantando os ânimos.
Em entrevista à uma rádio, o Ministro das Finanças
da França, Christine Lagarde, afirmou que a economia francesa
cresceu espantosamente na primavera.
Em tais declarações há uma combinação
de auto-ilusão e esperteza. Os políticos e agentes
financeiros têm um particular interesse em disseminar ânimo
e euforia para manter os mercados de ações funcionando.
Entretanto, não há nada na atual situação
da economia europeia e mundial que possa justificar tal euforia.
Não há surpresa alguma sobre a mínima
recuperação econômica demonstrada no último
período, tendo em vista que os governos de toda a Europa
saquearam seus tesouros para injetar bilhões nas instituições
financeiras. Centenas de bilhões de Euros de fundos públicos
foram transferidos para as maiores instituições
financeiras do mundo.
Não foram apenas os bancos que exigiram seus pacotes
de resgate aos seus respectivos governos. O dinheiro dos bancos
foi usado para uma gama de processos especulativos. A burguesia
vê também a crise como uma forma de desmantelar,
com ajuda de muitos sindicatos pelegos, os resquícios dos
direitos democráticos conquistados pela classe trabalhadora
em décadas de lutas.
O que está por trás da realidade econômica?
Comparada a um ano atrás, a economia alemã declinou
ao menos 7%. Em poucos meses, o esquema de injetar dinheiro nos
semi-falidos vai expirar. As consequências para as indústrias
alemãs de ferro, engenharia e química já
começam a ser sentidas.
Até agora, as massivas demissões na Alemanha
têm aparecido em termos de redução das horas
de trabalho, que foram reduzidas várias vezes. Quando os
1,4 milhão de trabalhadores empregados em curto-período
perderem seus empregos, a taxa oficial de desemprego atingirá
os 5 milhões.
Os sindicatos alemães e os comitês de fábrica
estão prontos para defender os cortes nos salários
e a modificação nos contratos de trabalho. Enquanto
isso, a redução nos salários, combinada com
o desemprego crescente, está destruindo os impostos e alimentando
os déficits estatais com programas sociais de bem-estar.
Uma série de países europeus estão à
beira da falência, incluindo vários países
da Europa Oriental, Itália, Espanha e o leste da Grã-Bretanha.
O déficit estatal também cresce de forma alarmante
na Alemanha e na França.
Se pegarmos todo os déficits acumulados nas instâncias
federal, estadual e municipal, mais os fundos e garantias injetadas
para estabilizar os bancos, o total do déficit Alemão
atingirá 1,600 bi.
A retórica a respeito do fim da crise econômica
também é deferida para confundir os trabalhadores
e neutralizar os protestos, enquanto ao mesmo tempo ataques sem
precedentes são realizados e preparados contra as condições
de vida da classe trabalhadora.
Ao mesmo tempo, algumas poucas vozes nos alertam contra o otimismo
de uma suposta recuperação. Em sua última
edição, o jornal Die Zeit escreveu:
'Recuperação! Investimentos bancários
estabilizados!', afirmou o New York Times. 'Progresso se
aproxima no mundo dos negócios' relatou o Wall Street
Journal. 'Economistas vêem sinais de recuperação',
'Mercados de ações se fortalecem', relataram outros...
Tais manchetes parecem ser de agosto de 2009. Na verdade, são
de 1931. Foram publicadas durante a Grande Depressão nos
EUA, ou seja, na época mais negra da economia do século
XX
No momento também haviam comentários eufóricos
sobre o mercado de ações. Eles todos, no entanto,
rapidamente se esgotaram. A economia e o mercado de ações
experimentaram a primeira recuperação em 1933 -
com base em uma economia dramaticamente devastada.
Poderia ser acrescentado apenas que tal recuperação
se deu sob uma ditadura fascista, que suprimiu a organização
da classe operária e preparou a Segunda Guerra Mundial,
que levou à destruição boa parte do planeta.
Uma vez mais, a propaganda sobra uma suposta recuperação
econômica é o prelúdio de violentos conflitos
de classe.
[traduzido por movimentonn.org]
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