WSWS : Portuguese
Balanço do encontro do G20
Por Joseph Kishore
22 de novembro de 2010
Utilice
esta versión para imprimir |
Comunicar-se
com o autor
Publicado originalmente em inglês em 15 de novembro
de 2010
A conferência do G20 na Coréia do Sul, como se
previa, acabou sem qualquer acordo entre as principais potências
quanto ao problema dos conflitos faccionais em função
da moeda e do comércio.
O comunicado final de sexta-feira mal tentou eliminar formalmente
as divisões, somente estabelecendo um calendário
para o próximo ano com o objetivo de criar diretrizes
indicativas em relação aos desequilíbrios
da economia mundial. Enquanto isso, os principais atores continuam
suas políticas de antagonismo comercial, que ameaçam
começar uma guerra comercial de larga escala.
A conferência expôs a incapacidade dos EUA de impor
sua vontade sobre as outras potências. A administração
Obama não obteve acordo em relação a suas
principais metas, incluindo a exigência de que a China permita
que sua moeda se valorize mais rápido, e que restrições
maiores sejam colocadas sobre exportações de países
superavitários (particularmente China e Alemanha). A administração
também não conseguiu um acordo comercial bilateral
muito antecipado com a Coréia do Sul.?
Tanto antes quanto depois da conferência, grandes potências
e econômicas emergentes criticaram amargamente
a política econômica cada vez mais beligerante dos
EUA.
Apenas uma semana antes da conferência, o Federal Reserve
(banco central dos dos EUA) anunciou um novo plano para a impressão
de US$ 1 trilhão, que desvalorizará o dólar
e mais uma vez inundará os mercados financeiros com dinheiro
barato - a força vital da classe dominante americana. Essa
medida foi legitimamente denunciada como exemplo do mesmo tipo
de manipulação monetária da qual os EUA acusam
a China.
O resultado do encontro é mais uma demonstração
do fato de que a quebra financeira de 2008 não foi um mergulho
temporário seguido por um novo equilíbrio. Uma resolução
gradual dos enormes desequilíbrios no comércio e
nos déficits se provou impossível. Como na década
de 30, a quebra da ordem existente está se expressando
num conflito entre os Estados para determinar quem será
forçado a pagar.
As classes dominantes das diferentes potências capitalistas
estão elas mesmas chegando ao entendimento de que não
há qualquer recuperação econômica rápida
na agenda. Especialmente desde a crise de endividamento que emergiu
na Europa no primeiro semestre deste ano, quando ficou claro que
não haveria retorno gradual em direção ao
crescimento estável, a resposta foi em dois sentidos: 1)
tomar medidas que despejem os prejuízos da crise sobre
potências rivais; 2) impor medidas de austeridade cada vez
mais severas sobre a classe trabalhadora.
Mesmo enquanto o G20 se reunia, dois acontecimentos apontavam
a conexão estreita entre as tensões globais e a
austeridade social. Primeiro, representantes europeus do G20 foram
forçados a parar com suas deliberações para
acalmar os mercados de títulos na Europa, nervosos com
a situação de países onde possuem títulos
de dívida.
Os investidores estavam inseguros com relação
à habilidade da Irlanda e outros governos europeus de impor
medidas de austeridade suficientemente severas. Também
estavam preocupados com relação a boatos de que
investidores privados podem ser forçados a pagar uma parte
maior da conta de futuros resgates. Para evitar uma nova crise
de endividamento, ao menos temporariamente, os representantes
europeus foram forçados a realizar uma conferência
de imprensa para assegurar aos investidores que seu dinheiro estava
seguro.
Em segundo lugar, o presidente da comissão de débito
organizada pela administração Obama emitiu uma lista
de propostas para lidar com os déficits orçamentários
dos EUA, que incluem cortes brutais nos gastos com programas sociais
importantes. É provável que a divulgação
do relatório dos integrantes da comissão tenha sido
planejada para coincidir com a conferência do G20, de modo
a dar um sinal para outras potências de que os EUA estão
determinados a impor suas medidas de austeridade.
No G20, Obama fez questão de defender os membros da
comissão, declarando que era preciso fazer coisas
que são difíceis e falar a verdade ao
povo americano.
A aristocracia financeira vê a imposição
de condições de pobreza sobre a classe trabalhadora
como uma condição-chave da manutenção
de sua posição no cenário mundial - através
de exportações aumentadas e uma dívida nacional
reduzida.
Um artigo na edição mais recente de Foreign
Affairs aponta justamente isso. Richard Haas, presidente do
Conselho de Relações Exteriores, e Roger Altman,
um ex-secretário suplente do tesouro durante a administração
Clinton, avisa que o fardo da dívida americana pode se
provar catastrófico para os interesses globais dos EUA
na medida em que reduzirá a capacidade do país em
financiar as forças armadas, aumentando a vantagem econômica
de proprietários da dívida dos EUA - particularmente
a China - e minando a influência dos EUA no exterior.
Não é uma ação impensada
dos EUA no mundo que põe em risco a solvência americana,
o autor conclui, mas os gastos desmedidos em casa que ameaçam
o poder americano e sua segurança.
O mundo avança para um novo e mais perigoso estágio
da crise capitalista. Por trás dos crescentes conflitos
globais está o perigo de guerra na qual a manipulação
de moedas dá lugar à troca de bombas.
Entre os principais fatores subjacentes ao desequilíbrio
global está o declínio de longo-prazo dos EUA. A
classe dominante americana, porém, absurdamente implacável
na defesa de sua riqueza material, não hesitará
em usar as duas principais ferramentas à sua disposição
- o dólar americano e as forças armadas - para compensar
esse declínio.
Durante o mês passado, e especialmente desde as eleições,
a administração Obama assumiu uma postura significativamente
mais militarista - indicando uma ocupação militar
do Iraque e do Afeganistão estendida, escalando suas ameaças
contra o Irã e sugerindo uma guerra com a China em função
das disputas territoriais China versus Japão. Os EUA estão
agressivamente sondando potenciais aliados num conflito contra
a China. O fato de que essa ofensiva coincida com um ataque renovado
sobre a classe trabalhadora americana não é acidental
- o imperialismo, Lênin observou, é reação
do começo ao fim.
No quadro do sistema econômico atual, não há
possibilidade de solução pacífica para o
impasse ao qual a classe dominante está levando a humanidade.
Ao perigo de guerra, a classe trabalhadora internacional precisa
dar sua própria resposta: revolução social.
[traduzido por movimentonn.org]
Regresar a la parte superior de la página
Copyright 1998-2012
World Socialist Web Site
All rights reserved |