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G20 termina sem solução para conflitos cambiais
Por Barry Grey
16 de novembro de 2010
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A cúpula do G20 realizada em Seul, Coréia do
Sul, terminou sem qualquer acordo sobre políticas para
superar as diferenças sobre os conflitos cambiais e comerciais
que cresceram nas últimas semanas.
O presidente Barack Obama não conseguiu obter um consenso
para exigir que a China permita que sua moeda, o renminbi (também
conhecido como yuan), valorize mais rapidamente. Mas os EUA continuam
a defender a sua política de imprimir centenas de bilhões
de dólares, rejeitando as queixas de países desde
a Alemanha, Japão e China até o Brasil, Tailândia
e África do Sul de que Washington está deliberadamente
desvalorizando o dólar, a fim de obter uma vantagem comercial
sobre os seus concorrentes.
A política do dólar barato dos EUA foi agravada
pela decisão do Federal Reserve na semana passada de lançar
uma segunda rodada de flexibilização quantitativa,
efetivamente imprimindo dólares para comprar US$ 600 bilhões
em títulos do Tesouro dos EUA. A enxurrada de dólares
americanos está fazendo subir as taxas de câmbio
dos maiores exportadores, tais como a Alemanha e o Japão,
assim como das economias emergentes de mais rápido crescimento
na América Latina, Ásia e África. A política
do Fed está gerando ondas de dinheiro especulativo que
estão desestabilizando as economias emergentes, criando
bolhas de ativos e o perigo da inflação galopante.
Os preparativos para a cúpula de dois dias, a quinta
reunião dos chefes de governo do G20 desde o crash financeiro
de Setembro de 2008, foram marcados por recriminações
públicas duras, com os maiores exportadores do mundo, a
China e a Alemanha, em particular, acusando os EUA de manipulação
da moeda e de protecionismo. Por seu lado, Washington culpou o
vasto e crescente desequilíbrio na economia mundial em
países como a China e, por consequência, a Alemanha.
Para não abrir brechas, o que poderia provocar um colapso
dos mercados financeiros e a erupção de moeda descontrolada
e de uma guerra comercial, o campo de guerra trabalhou na madrugada
de sexta-feira para emitir um comunicado vago o bastante para
encobrir as diferenças não resolvidas e permitir
que os participantes interpretassem os diferentes pontos de acordo
com seus interesses nacionais.
A declaração dizia que os líderes haviam
concordado em se mover em direção a sistemas
de taxa de câmbio mais determinados pelo mercado, melhorando
a flexibilidade da taxa de câmbio de modo a refletir os
fundamentos econômicos subjacentes ... Este texto
foi inserido por insistência dos Estados Unidos e dirigido
principalmente contra a China, que intervém regularmente
em mercados cambiais para controlar o aumento de sua moeda em
relação ao dólar. Pequim, no entanto, insiste
que já está se movendo precisamente na direção
indicada no comunicado.
Os líderes também se comprometeram a evitar a
desvalorização competitiva das moedas.
Isto foi amplamente dirigido contra os EUA e inserido por insistência
de uma série de países que se opõem à
política monetária ultra-frouxa do Fed . A delegação
dos EUA lutou sem sucesso para substituir a palavra desvalorização
por subvalorização, a fim de transferir
o ônus maior para os chineses. Em qualquer caso, os políticos
dos EUA desde Obama ao secretário do Tesouro, Timothy Geithner,
passaram grande parte do encontro de dois dias solenemente admitindo
que os EUA não estão seguindo agora, e nunca seguiriam
uma política de dólar barato.
A linha básica dos EUA foi a de que o estímulo
monetário era necessário para reativar a economia
dos EUA, e o que era bom para os EUA era bom para o mundo.
A declaração do G-20 teve o tom de promessa:
"As economias avançadas, incluindo aquelas com moedas
de reserva, serão vigilantes contra a volatilidade excessiva
e movimentos desordenados nas taxas de câmbio. Isto
também foi dirigido contra os EUA, que têm sido amplamente
acusado de explorar o papel privilegiado do dólar como
principal moeda de reserva mundial para seguir um caminho unilateral
e nacionalista que está agravando a instabilidade financeira
global.
A mando de mercados emergentes que cada vez mais recorrem a
controles de capital para conter o afluxo de capital especulativo
do exterior, o comunicado sancionou medidas de controle cuidadosamente
projetadas.
Repetiu o chamado para concluir a rodada de negociações
de liberalização comercial de Doha, lançada
em 2001.
Sobre a questão mais controversa a proposta dos
EUA para a imposição de um limite de 4% do produto
interno bruto, sobre os desequilíbrios das nações
em conta corrente, os excedentes, assim como os déficits,
o G20 adiou qualquer ação. Os principais países
exportadores, como China, Alemanha e Japão são inflexivelmente
contra o plano dos EUA, que temem que seria usado para forçá-los
a reduzir suas exportações a favor dos países
com déficit em primeiro lugar, os Estados Unidos.
Os EUA desenvolveram este programa, em uma reunião de
ministros das finanças do G20, em outubro, mas abandonou
a tentativa de desenvolver uma medida quantitativa dos desequilíbrios
em face da feroz oposição. O comunicado emitido
sexta-feira pediu que os ministros das finanças do G20
e banqueiros centrais relatassem no ano seguinte o "progresso"
através de orientações indicativas
do comércio e equilíbrios e desequilíbrios
de pagamentos.
Há relatos de que as negociações sobre
o texto do comunicado foram turbulentas e acaloradas. Esta
não foi uma demonstração de amor, disse
um funcionário que participou das negociações.
O Financial Times citou um oficial britânico, dizendo: Você
pode dizer como as negociações foram difíceis
por quão ruim foi a linguagem.
De outro lado, para os EUA e o governo Obama, intensas negociações
para finalizar uma longa procura por um acordo de livre comércio
entre os Estados Unidos e a Coreia do Sul não conseguiram
produzir um acordo. As negociações fracassaram,
evidentemente, sobre as exigências dos EUA para as concessões
de Seul sobre o comércio de automóveis e carne em
comparação com os termos de um pacto elaborado em
2007 entre a Coreia do Sul e o governo de Bush, mas nunca levado
à votação no Congresso.
O fracasso da cúpula do G20 anuncia uma intensificação
dos conflitos comerciais e cambiais que ameaçam desencadear
uma guerra comercial global. O resultado das reuniões bilaterais
realizadas quinta-feira por Obama com o presidente chinês,
Hu Jintao, e a chanceler alemã Angela Merkel ressaltaram
o desacordo entre os campos opostos.
Na sua conferência de imprensa em Seul, na sexta-feira,
Obama disse que apurou ontem com o presidente Hu da China
que as economias emergentes precisam permitir moedas que
são orientadas para o mercado. Em um ataque velado,
ele continuou: "Todos nós precisamos evitar ações
que perpetuem desequilíbrios e dê aos países
uma vantagem indevida em relação um ao outro.
Em resposta a uma pergunta, Obama foi mais belicosos, dizendo
que a questão do [renminbi] é irritante não
apenas para os Estados Unidos, mas para um monte de parceiros
comerciais da China e para aqueles que estão competindo
com a China para vender mercadorias em todo o mundo. Ele está
desvalorizado. E a China gasta enormes quantias de dinheiro intervindo
no mercado para mantê-lo subestimado.
Por sua vez, os chineses sugeriram que a política monetária
de Washington foi imprudente e negligente de suas consequências
internacionais. Zheng Xiaosong, o diretor-geral do Departamento
Internacional do Ministério de Finanças, em entrevista
coletiva na cúpula: "Os emitentes das principais moedas
de reserva, enquanto implementam suas políticas monetárias,
não devem ter apenas em conta as suas circunstâncias
nacionais, mas também devem ter em mente os possíveis
impactos sobre a economia global.
Merkel, em um discurso em Seul, em alusão depreciativa
à uma enorme dívida externa e déficits comerciais
dos EUA, declarou: "Na tarefa pela frente, o valor de referência
deve ser os países que foram mais competitivos, para não
reduzir ao menor denominador comum.
A cúpula é outra indicação de que
todo o sistema de relações econômicas globais
pós-II Guerra Mundial está se desintegrando. No
centro desta crise está a grande queda dos EUA na posição
econômica mundial. Os EUA estão deliberadamente tentando
alavancar sua decadência econômica refletida
na enorme queda no valor do dólar e do correspondente aumento
do preço do ouro para descarregar sua crise no resto
do mundo.
Na véspera da cúpula, o presidente do Banco Mundial,
Robert Zoellick, reconheceu que o atual sistema monetário,
com base na supremacia do dólar, não é mais
viável. Ele propôs um sistema baseado em múltiplas
moedas de reserva e de alguma forma ligadas ao ouro.
O presidente francês, Nicolas Sarkozy, que será
o anfitrião da próxima cúpula do G20, disse
nesta sexta-feira: Houve um momento em que houve uma economia
dominante, os Estados Unidos, e uma moeda, o dólar. Estamos
enfrentando um novo mundo ... e nós precisamos de um sistema
monetário multilateral.
Na sequência da cúpula, o Bangkok Post
relatou que o primeiro-ministro tailandês Abhisit Vejjajiva
propôs usar o renminbi chinês como a moeda de troca
principal na região da Ásia-Pacífico para
diminuir o impacto do enfraquecimento do dólar americano.
[traduzido por movimentonn.org]
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