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Perspectivas

A pandemia do coronavírus e a perspectiva do socialismo

Publicado originalmente em 30 de março de 2020

No domingo, 29 de março, o World Socialist Web Site e o Partido Socialista pela Igualdade realizaram o fórum on-line “A pandemia de COVID-19: Capitalismo e a construção de uma catástrofe social e econômica”. Um grande público de todo o mundo participou do evento, deixando centenas de comentários na transmissão ao vivo.

O fórum ofereceu a resposta socialista à pandemia em oposição à negligência e indiferença criminosa dos governos capitalistas em todo o mundo. Ele respondeu às mentiras e desculpas da classe dominante e seus defensores na mídia. Ele apresentou uma perspectiva para mobilizar a classe trabalhadora internacional para lutar por medidas de emergência que atendam às urgentes necessidades sociais como parte de uma luta contra a desigualdade social e o capitalismo.

O fórum foi mediado por Andre Damon, escritor do WSWS, e contou com quatro oradores: Dr. Benjamin Mateus, médico, especialista na pandemia de coronavírus e colaborador do WSWS; David North, presidente do Conselho Editorial Internacional do WSWS e presidente nacional do Partido Socialista pela Igualdade (SEP) dos EUA; Joseph Kishore, secretário nacional do SEP e candidato à presidência dos EUA; e Johannes Stern, membro do Sozialistische Gleichheitspartei (Partido Socialista pela Igualdade) na Alemanha.

A pandemia de COVID-19: Capitalismo e a construção de uma catástrofe

O Dr. Mateus iniciou o encontro dando um panorama global da pandemia. O número crescente de infecções e mortes “parece uma crônica de guerra”, disse. “Estamos esperando atingir um milhão de casos na primeira semana de abril, na segunda semana de abril potencialmente podemos ter dez milhões e, em meados de maio, até 100 milhões de casos, o que é astronômico”.

O significado político e histórico da pandemia foi resumido por North em seus comentários introdutórios. “A pandemia”, disse, “expôs de forma altamente concentrada a falência econômica, social, política, cultural e até moral de uma sociedade baseada no capitalismo”. Ele continuou:

A pandemia é um evento que desencadeará outros. Nesse sentido, é comparável ao assassinato do arquiduque Franz Ferdinand, em junho de 1914, que colocou em movimento a cadeia de eventos que culminou no início da Primeira Guerra Mundial, cinco semanas depois, em agosto de 1914. O assassinato determinou nada mais do que a data do início da guerra. Mas a guerra em si – isto é, a explosão das contradições globais das rivalidades nacionais capitalistas e da economia do imperialismo – era inevitável.

A pandemia tem a mesma relação com a crise atual. Sem dúvida, a pandemia, como fenômeno biológico, coloca um imenso desafio à sociedade. Mas a possibilidade, mesmo a inevitabilidade de tal contágio, é reconhecida há muito tempo. O caráter histórico deste evento surge da resposta à pandemia, a maneira pela qual expôs completamente o amplo fracasso da sociedade existente: a ignorância e a desumanidade de seus líderes políticos, a corrupção e o caráter venal de sua classe dominante, a incompetência de suas instituições e a falência intelectual e moral de seus falsos heróis criados pela mídia e mesmo seus falsos valores.

Agora, a pandemia terminará em algum momento. Mas mesmo depois que a virulência da pandemia recuar, quando as pessoas saírem do isolamento, não há como voltar ao que existia antes. As ilusões que persistiam por tanto tempo foram destruídas, da mesma maneira que foram destruídas pela Primeira Guerra Mundial. O que ocorreu não pode ser desfeito.

As vidas que foram perdidas como resultado da total ausência de preparação, resultado da subordinação da necessidade humana ao lucro privado, não serão esquecidas. A mudança de consciência já está em andamento. As pessoas estão aplaudindo os profissionais de saúde, não os banqueiros. Não haverá retorno ao “status quo ante”. Milhões de pessoas em todo o mundo, tendo passado por essa experiência global única, perceberão e pensarão a realidade de uma maneira diferente.

Em resumo, o capitalismo voltou a ser uma palavra suja. Essa crise vai se intensificar e acelerar uma crise política global. O socialismo, o socialismo de um tipo muito sério – o socialismo de Lenin e Trotsky e Rosa Luxemburgo, não o absurdo de Bernie Sanders e outras pessoas politicamente insignificantes –, o socialismo real emergirá novamente como um movimento de massas, em todo o mundo, e de maneira mais explosiva nos Estados Unidos.

Os oradores refutaram a alegação de que a pandemia era imprevisível. Eles observaram que, durante décadas, epidemiologistas e cientistas alertaram sobre um evento como esse, mas nada foi feito para se preparar. Eles denunciaram a resposta dos governos mundiais, que foi ditada pelos interesses da classe dominante, não pelas necessidades da população.

“Nos Estados Unidos”, disse Kishore, “que tem sido o centro da reação ideológica e política global, há quarenta anos a elite dominante subordina tudo à acumulação infinita de riqueza ... A resposta à pandemia foi condicionada pelas mesmas considerações.”

Kishore observou que o responsável não era apenas o governo Trump, mas todo o establishment político. A resposta dos EUA, segundo ele, foi aprovar, por unanimidade entre os republicanos e democratas, um projeto de lei que financia a entrega ilimitada de dinheiro a Wall Street e à elite corporativa e financeira.

Stern explicou que as condições que predominam nos Estados Unidos estão presentes na Europa e no mundo. Uma catástrofe está se desenvolvendo na Itália, Espanha e em todo o continente, enquanto os governos são dominados por conflitos nacionais e focados, sobretudo, em defender os interesses de suas próprias elites dominantes.

“Os capitalistas querem que seu estado intervenha para defendê-los. Para despejar cada vez mais recursos em suas contas bancárias. A classe trabalhadora deve criar seu próprio poder de estado; tem que lutar para adquirir poder político e usar um estado operário genuinamente democrático para organizar a sociedade de uma maneira racional e científica, que faça a sociedade agir segundo o interesse da humanidade.”

Em suas considerações finais, North observou o rápido crescimento do número de leitores do WSWS, particularmente na classe trabalhadora. Ele pediu a todos os que estavam participando do fórum para se juntar ao Partido Socialista pela Igualdade e ao Comitê Internacional da Quarta internacional.

“Este mundo deve mudar. Esta não é a última crise e não é a última ameaça existencial. A realidade é que o futuro é o socialismo ou a destruição da humanidade e a destruição deste planeta. A experiência pela qual estamos passando agora é um alerta terrível, terrível. Devemos aprender com isso e agir com base nessas lições.”

Nós chamamos os leitores a assistir a transmissão completa e compartilhá-la o máximo possível.

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