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Lutas por liberdade de Assange, socialismo e contra guerra são inseparáveis

Publicado originalmente em 8 de maio de 2020

O discurso a seguir foi proferido por Thomas Scripps, membro do Partido Socialista pela Igualdade (Reino Unido), para o Comício Online do Dia Internacional do Trabalhador de 2020 realizado pelo World Socialist Web Site e o Comitê Internacional da Quarta Internacional em 2 de maio. Scripps escreveu extensamente sobre a perseguição de estado do fundador do WikiLeaks, Julian Assange.

Camaradas e amigos, neste comício do Dia do Trabalhador, nós reafirmamos a solidariedade do Comitê Internacional da Quarta Internacional (CIQI) com o fundador do WikiLeaks, Julian Assange, que está preso.

Julian Assange, o heróico jornalista, está enfrentando a epidemia da COVID-19 em uma cela na prisão de segurança máxima de Belmarsh em Londres.

Ele é um homem inocente, mantido em prisão preventiva pelo estado britânico em nome do governo dos EUA, que está buscando sua extradição para que enfrente a prisão perpétua ou pior.

O discurso de Thomas Scripps começa à 1:23:27 no vídeo.

Na visão deles, Assange é culpado - por expor os brutais crimes de guerra, tortura, e conspirações diplomáticas levadas adiante pelos governos imperialistas e acobertados por uma mídia empresarial obediente.

O WikiLeaks revelou o barbarismo da classe dominante no Afeganistão e no Iraque. Assange inspirou a oposição a esses crimes entre os trabalhadores e os jovens de todo o mundo.

Isso não poderia ser tolerado pelos belicistas na Casa Branca, Downing Street, Canberra, e seus aliados. Foi tomada a decisão de usar todos os meios necessários para destruir Assange, como um aviso para aqueles que poderiam seguir o seu exemplo e criar um precedente para a supressão ditatorial da oposição.

Assim como a crise do coronavírus incorpora a falência econômica, social, política e moral da ordem social capitalista, o tratamento criminoso de Assange representa o ataque aos direitos democráticos que a decadência do capitalismo ao barbarismo tornou necessário. As guerras de conquista colonial e a imposição da agressiva austeridade exigem repressão política.

Durante anos, Assange foi mantido arbitrariamente preso na embaixada do Equador em Londres. Seu acesso a cuidados médicos adequados foi negado e sua privacidade pessoal foi invadida. Em uma operação de espionagem organizada pela CIA, as conversações confidenciais de Assange com seus advogados foram gravadas.

Depois de ser entregue a um esquadrão da polícia britânica pelo governo equatoriano em abril do ano passado, Assange foi levado a uma prisão de segurança máxima, onde o acesso aos seus advogados ou aos materiais necessários para que preparasse a sua defesa foram consistentemente negados a ele.

Essa década de perseguição, na opinião de especialistas médicos e do relator especial das Nações Unidas, Nils Melzer, foi tortura psicológica. Esse dano chocante sofrido por Assange o tornou especialmente vulnerável à COVID-19, que está atualmente devastando as prisões do Reino Unido. Ele possui uma doença pulmonar crônica e o seu sistema imune está comprometido.

Ainda assim, em um episódio tipicamente kafkiano, quando o governo britânico anunciou planos para libertar prisioneiros de baixo risco próximos ao fim das suas sentenças para diminuir a superlotação nas prisões, o ministro da Justiça disse à Australian Associated Press que Assange não teria sua liberação considerada porque ele não havia sido condenado!

Em 25 de março, os advogados de Assange recorreram da decisão contra a sua liberdade condicional à luz da ameaça “muito real” e potencialmente “fatal” contra a sua vida pela disseminação da pandemia - que os especialistas avisaram que se espalharia pelo sistema prisional “de maneira descontrolada”. Com o revanchismo de um tribunal fascista, a juíza Vanessa Baraitser recusou o pedido.

Um mês depois, mais de 300 presos são casos conhecidos de coronavírus, com uma quantidade adicional massiva de 1.700 outros casos suspeitos. Cinco funcionários de prisão morreram e quinze presos - pelo menos um deles em Belmarsh.

A inevitável conclusão é que aqueles que perseguem Assange esperam que a doença da COVID-19 faça o seu trabalho sujo por eles e mate o jornalista mais relevante do século XXI.

Todas as tendências políticas e indivíduos que se recusaram a defender Assange - e que participaram da campanha de difamação contra ele - têm sangue em suas mãos. Eles participaram de um crime monstruoso pelo qual eles nunca serão perdoados.

Assange desferiu um golpe contra o imperialismo mundial, pelo qual ele é visto amplamente como um herói. O CIQI o vê como um prisioneiro da guerra de classe declarada pela elite dominante contra as bilhões de pessoas que agora temem por suas vidas e condições financeiras. O seu destino está ligado à luta por direitos democráticos, contra a guerra e pelo socialismo. Ele só pode ser defendido através da mobilização política da classe trabalhadora mundial.

Mesmo em meio ao sofrimento da pandemia, o caso de Assange não deve e não será esquecido. Ele lutou corajosamente pelo direito do público de saber a verdade sobre os governos e os seus crimes. Hoje, os representantes políticos da classe dominante - de Trump à Boris Johnson - em sua resposta ao coronavírus, fizeram lembrar que o acesso à verdade é uma questão de vida ou morte. De fato, é uma questão revolucionária!

O WSWS e os Partidos Socialistas pela Igualdade se sustentam nas grandes tradições internacionalistas do Dia do Trabalhador, que, desde as suas origens em memória dos mártires de Haymarket em Chicago, reuniu os trabalhadores para a defesa contra as armações e as perseguições de estado em todos os lugares. Nós nos sustentamos nas as tradições de solidariedade internacional mostrada pela classe trabalhadora pelos mártires trabalhistas estadunidenses, Sacco e Vanzetti, e nós dizemos que Assange deve viver, e ele deve ser livre!

A ameaça contra a sua vida é séria e iminente. Porém, este não é o momento para o desânimo; é o momento para a ação. A influência política do CIQI e do WSWS está crescendo. Hoje, nós juramos aprofundar nossa campanha de uma década para garantir a liberdade e segurança de Assange. À medida que os trabalhadores de todo o mundo são forçados a enfrentar e derrotar uma classe dominante assassina, a luta para libertar Assange assumirá um lugar central na luta contra o capitalismo e pelo socialismo.

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