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Perspectivas

Capitalismo vs. socialismo: A pandemia e a luta de classes global

Publicado originalmente em 1˚ de fevereiro de 2021

Faz um ano que a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 30 de janeiro de 2020, declarou que o surto de COVID-19 representava uma Emergência de Saúde Pública de Preocupação Internacional (PHEIC, na sigla em inglês).

Na época, o Diretor Geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, observou que 98 casos haviam sido registrados em 18 países além da China. “Embora esses números ainda sejam relativamente pequenos em comparação com o número de casos na China”, disse ele, “devemos todos agir juntos agora para limitar ainda mais a propagação”.

Médicos e enfermeiros ajoelhados em frente à Downing Street em Londres, na quinta-feira, 28 de maio de 2020. (AP Photo/Frank Augstein)

Um ano depois, o número total de casos já passou de 100 milhões. O número total de mortes atingiu 2.225.000. O número de mortes diárias é o maior desde o início da pandemia, com mais de 14.000 pessoas sucumbindo ao vírus todos os dias.

Nos Estados Unidos, foram registrados 26.107.110 casos, de acordo com o Johns Hopkins Coronavirus Research Center, e o número de mortes chegou a 440.000. Na Índia, há mais de 10 milhões de casos registrados e 154.000 mortes. No Brasil, mais de 9 milhões de casos e 223.000 mortes. No Reino Unido, quase 4 milhões de casos e 106.000 mortes. Na Itália, 2,5 milhões de casos e mais de 88.000 óbitos.

O Comitê Internacional da Quarta Internacional, nos primeiros momentos da crise, caracterizou a pandemia como um “evento desencadeador”, comparável à Primeira Guerra Mundial, que intensificaria e aceleraria as profundas contradições do sistema capitalista global. A crise sanitária evoluiria inevitavelmente para uma crise social e política global. Medidas sanitárias, por si só, não colocariam a pandemia sob controle.

Ao contrário, a luta para controlar a pandemia se desenvolveria em uma luta de classes, já que se tornou cada vez mais claro que as principais classes da sociedade – a classe capitalista e a classe trabalhadora – têm interesses irreconciliavelmente opostos. Essas posições antagônicas encontram expressão no contraste entre o programa capitalista e o socialista.

As posições da classe dominante decorrem da defesa da propriedade capitalista: a propriedade privada dos meios de produção e os interesses geoestratégicos do Estado-nação. As posições da classe trabalhadora apontam objetivamente ao socialismo: o fim do sistema de lucro e a exploração do trabalho, e sua substituição pela reorganização cientificamente planejada da vida econômica com base nas necessidades humanas e na unificação global da humanidade através da abolição do sistema de Estado-nação.

Um ano após o início da crise, a pandemia revelou de forma gritante a divisão de classes que separa o programa capitalista do socialista.

1. O programa capitalista insiste que a resposta à pandemia deve priorizar salvar os mercados financeiros em vez de salvar vidas.

O programa socialista insiste que a resposta à pandemia deve priorizar salvar vidas em vez de salvar os mercados financeiros.

2. O programa capitalista afirma que a política para a pandemia deve ser impulsionada por interesses de lucro.

O programa socialista defende que a política sanitária deve ser guiada pela ciência.

3. O programa capitalista defende o programa de “imunidade de rebanho”, permitindo que o vírus se propague com o mínimo possível de restrições enquanto as vacinas são produzidas e distribuídas.

O programa socialista exige todas as medidas para impedir a transmissão do vírus até que uma quantidade suficiente de pessoas seja imunizada para impedir a propagação do vírus pela comunidade.

4. O programa capitalista insiste, de acordo com sua estratégia de “imunidade de rebanho”, que as fábricas e outros locais de trabalho sejam mantidos abertos aos negócios.

O programa socialista insiste em que todos os locais de trabalho não essenciais sejam fechados até que os trabalhadores vacinados possam retornar com segurança aos seus empregos.

5. O programa capitalista exige que as escolas sejam reabertas, alegando falsamente que há pouco risco para alunos e professores.

O programa socialista, fundamentado em evidências científicas de que as escolas são um importante vetor na transmissão do vírus, exige que as escolas permaneçam fechadas até que a pandemia esteja sob controle.

6. O programa capitalista procura restringir os gastos sociais destinados a neutralizar o impacto econômico da pandemia sobre a grande massa da população, enquanto exige que os bancos centrais forneçam apoio ilimitado aos mercados financeiros e às grandes corporações.

O programa socialista exige uma compensação financeira total aos trabalhadores e pequenas empresas durante toda a crise. Os recursos para este importante plano de resgate social serão obtidos através da devolução imediata dos trilhões de dólares disponibilizados às grandes corporações pela Lei CARES e da expropriação daqueles que lucram com a pandemia que ganharam dezenas de milhões e até bilhões de dólares como resultado do apoio ilimitado do Federal Reserve aos mercados financeiros.

7. O programa capitalista promove uma política nacionalista de vacinação, restringindo e opondo-se à distribuição equitativa de vacinas em todo o mundo.

O programa socialista, reconhecendo que o coronavírus só pode ser erradicado através de uma estratégia internacional cientificamente orientada, exige um programa de vacinação coordenado globalmente.

Os interesses divergentes de classe na resposta à pandemia do coronavírus estão por trás de divisões políticas cada vez mais profundas. A classe dominante, temerosa de se opor a seu programa de imunidade de rebanho voltado para o lucro, está encorajando o crescimento de organizações fascistas.

A classe trabalhadora, ao desenvolver sua própria resposta à pandemia, está reconhecendo a necessidade de unidade de classe, ação coletiva militante e, acima de tudo, uma estratégia política internacional socialista e revolucionária.

As políticas defendidas pelo Partido Socialista pela Igualdade nos Estados Unidos e as dos partidos e organizações de todo o mundo filiados ao Comitê Internacional da Quarta Internacional articulam e promovem os interesses objetivos da classe trabalhadora americana e internacional. Chegou a hora de todos aqueles que apoiam o programa do socialismo se envolverem ativamente na luta por sua realização.

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