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Professores e estudantes brasileiros apoiam luta dos professores de Chicago contra reabertura de escolas

Com governos estaduais e municipais no Brasil forçando a reabertura de escolas mesmo com a pandemia de COVID-19 fora de controle, professores e estudantes do país saudaram a luta dos professores de Chicago contra a reabertura assassina de escolas na terceira maior cidade dos EUA.

A perspectiva do WSWS, “Professores de Chicago assumem defesa das vidas ao invés dos lucros”, foi curtida e compartilhada dezenas de vezes em vários grupos de professores no Facebook, do estado mais ao sul do Brasil, Rio Grande do Sul, a um dos mais ao norte, Amazonas. Isso é o reflexo da ampla oposição entre os professores do Brasil à reabertura de escolas, além de reconhecerem o caráter internacional dessa luta.

Um aluno recebe álcool em gel de seu professor no primeiro dia de aula presencial em meio à pandemia de COVID-19 na E.E. Prof. Raul Antonio Fragoso em São Paulo, Brasil, na segunda-feira, 8 de fevereiro de 2021. (AP Photo/Andre Penner)

Elza, professora de São Paulo, escreveu em resposta à luta dos professores de Chicago: “Força! Continuem, pois a vida é mais importante!” Miriam, do Rio Grande do Sul, disse que “Essa é uma luta de todos os educadores!”. Para Luceli, professora do Paraná, “mesmo distantes a luta é a mesma. A preocupação humana com vidas ... precisa do nosso apoio. Lutar sempre, desistir jamais.”

“Eles são exemplos de luta e união”, escreveu Eliane, da cidade industrial de Osasco, na Grande São Paulo. Mostrando o caráter internacional do longo histórico de traições dos sindicatos de professores, que em Chicago está apoiando o esforço da prefeita democrata e do governo Biden para reabrir as escolas, ela denunciou o sindicato local, dizendo que as lutas dos professores acontecem “sem o apoio do sindicato, que não faz o que realmente a categoria necessita.”

Para João, aluno do curso de sociologia da Universidade Federal de São Paulo, “A luta dos professores de Chicago é pela preservação da vida dos alunos e de suas famílias em meio a uma pandemia global, principalmente no país que tem o maior número de mortes e casos do mundo.”

Ao contrário das alegações de autoridades políticas e da imprensa burguesa nos EUA e no Brasil, João acredita que “A volta presencial dos alunos não tem como principal objetivo recuperar o prejuízo [educacional] causado pela pandemia, mas o interesse por trás disso é muito mais econômico.”

Ainda segundo ele, “A luta dos professores de Chicago é contra os interesses da burguesia. Está claro que o estado quer que a atividade econômica seja completamente reestabelecida depois de tanto tempo de pandemia, e a reabertura de escolas é essencial para fazer a roda do capitalismo voltar a girar completamente.”

Rafael, professor de Manaus, capital do Amazonas e epicentro de uma nova variante do coronavírus, disse que a luta “dos professores de Chicago é muito importante. Eu espero que eles tenham força para manter essa posição e que ela possa servir como uma influência positiva e ajudar os colegas de grandes capitais a manter a mesma posição. Em cidades superpopulosas como Manaus e São Paulo, os professores precisam se posicionar da mesma maneira que os colegas de Chicago. A vida precisa estar sempre à frente do lucro, sempre.”

Comparando as traições do Sindicato de Professores de Chicago com as dos sindicatos do Amazonas, que são controlados pelo Partido Comunista do Brasil (PCdoB) e pelo Partido dos Trabalhadores (PT), ele disse: “O sindicato de lá está fazendo o que muitas vezes acontece aqui, de não nos sentirmos representados ou devidamente protegidos.”

Rafael acredita que existe uma relação por trás da reabertura de escolas em Manaus no final do ano passado e a explosão de casos que a cidade assistiu em dezembro e janeiro. Segundo ele, “Assim que acabou o ano letivo, os números em Manaus voltaram a crescer... [e] entraram num redemoinho sem fim. ... Muitos professores foram afetados, é abrir qualquer rede social que você vê pedidos de doação, e a maioria das pessoas morrendo em casa.” Apenas em janeiro, 64 professores das escolas públicas do Amazonas morreram de COVID-19.

Para Ana, que acabou de terminar o ensino médio em uma escola pública de São Paulo, a luta dos professores de Chicago é “importante, pois são suas vidas e de toda a comunidade que estão sendo colocadas em risco.” Ela acredita que, com a reabertura de escolas, “os casos e mortes por COVID-19 vão aumentar consideravelmente.”

Ana também acabou de prestar o ENEM. Segundo ela, a reabertura de escolas e a realização do ENEM no Brasil estão colocando a “juventude brasileira e as pessoas em contato com ela em grande risco. ... Além de agravar a pandemia, isso auxilia na evolução do vírus e no surgimento de novas cepas mais contagiosas e letais do novo coronavírus.”

Para Marli, professora aposentada de São Paulo, “O que vemos no momento é uma pandemia sem controle, sem vacina suficiente, com variantes ainda mais contagiosas. É sob esse cenário que se impõe uma volta às aulas em Chicago e em vários outros países em todo o mundo.”

Ela também exortou: “O retorno das aulas impõe aos trabalhadores em educação e à classe trabalhadora como um todo uma luta sem precedentes pela vida. Os interesses capitalistas das elites genocidas não podem se sobrepor à vida. Trata-se de uma luta global contra os governos que atendem aos interesses dessas elites. ... Cabe somente aos trabalhadores de todo o mundo a coordenação desta grande mobilização pela vida. Todo apoio à greve dos professores de Chicago, do Brasil e do mundo!”

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