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Governo da Nova Zelândia impõe ataques históricos à classe trabalhadora

O discurso seguinte foi feito por Tom Peters durante o Ato Online Internacional de Primeiro Maio de 2021, realizado pelo World Socialist Web Site e pelo Comitê Internacional da Quarta Internacional. Peters é um membro dirigente do Grupo Socialista pela Igualdade da Nova Zelândia.

O Grupo Socialista pela na Nova Zelândia envia saudações revolucionárias a todos os participantes deste evento on-line do mês de maio em todo o mundo. Saudamos os trabalhadores e os jovens da região do Pacífico, onde a COVID-19 causa enorme sofrimento. O legado do domínio colonial britânico, francês, australiano, neozelandês e dos EUA deixou muitos países gravemente subdesenvolvidos e muitas vezes têm pouco acesso a água potável, ou boas instalações médicas.

Em Papua Nova Guiné a propagação do coronavírus está descontrolada levou à morte de mais de 100 pessoas, mais de 10 mil foram infectados. Estes são os números oficiais, mas as autoridades admitem que não conhecem os números reais. A Organização Mundial da Saúde (OMS) advertiu nesta semana que o sistema de saúde da Papua-Nova Guiné entrou em colapso e não consegue lidar com a crise. O país de 9 milhões de habitantes recebeu apenas cerca de 144 mil doses de vacinas, incluindo apenas 8 mil do governo australiano, que é completamente indiferente povo de sua antiga colônia.

Em Timor Leste, onde mais de 2 mil casos foram registrados, a pandemia está sendo agravada por enchentes e deslizamentos de terra, deixando milhares de pessoas sem moradia.

Fiji, que estava em grande parte isolada da pandemia, acaba de impor um lockdown de duas semanas, após vários casos registrados pela variante indiana. O ministro da Saúde do país advertiu nesta semana, que “apenas um passo em falso poderia desencadear um tsunami”, como ocorre em outros países.

A mídia internacional elogiou a Nova Zelândia e a tomou como um modelo a ser seguido para lidar com a pandemia. A mídia nunca menciona é que o governo de Jacinda Ardern foi forçado a impor um lockdown relativamente rigoroso há cerca de um ano para impedir uma revolta vinda de baixo, liderada por enfermeiros, professores e outros trabalhadores, que exigiram um lockdown, independentemente dos sindicatos, que queriam manter as escolas abertas.

Se o governo tivesse decidido não impor um lockdown, os sindicatos teriam concordado com isso, como fizeram nos EUA, na Europa e em outros lugares ao custo de centenas de milhares de vidas.

Tom Peters

Seis meses atrás, O Partido Trabalhista de Ardern foi reeleito e formou um governo de coalizão com o Partido Verde. Isso foi comemorado na mídia e pelos grupos pseudoesquerdistas do mundo inteiro, por exemplo, a revista Jacobin, como um governo progressivo para os trabalhadores.

Somente o Grupo Socialista pela Igualdade e o WSWS disseram a verdade aos trabalhadores: Este é um governo de direita, que está liderando um ataque histórico contra a classe trabalhadora.

Como qualquer país, a Nova Zelândia continua altamente vulnerável à pandemia, enquanto estiver fora de controle em todo o mundo. Apenas 16 mil pessoas foram vacinadas aqui, cerca de 1% da população. No caso de um grande surto o sistema de saúde seria rapidamente sobrecarregado. Os hospitais estaduais estão em más condições e muitas vezes superlotados. As pessoas esperam por horas na sala de emergência.

Esta semana, uma criança de onze anos escreveu ao Primeiro Ministro. Ele denunciou que a cirurgia cardíaca de seu primo de 9 anos de idade foi adiada 5 vezes porque não havia leitos de UTI suficientes disponíveis. O governo, disse ele, havia acabado de alocar 250 milhões de dólares para a renovação do parlamento, mas não queriam financiar o custo total do Hospital Infantil da Starship em Auckland.

Ao mesmo tempo, o orçamento militar quase dobrou nos últimos dez anos de US$ 2,6 bilhões para quase US$ 4,5 bilhões no ano passado. O país envolvido nos preparativos de guerra de Washington contra a China.

Enquanto os serviços vitais estão sendo cortados, o exército é financiado com grandes quantias. Além disso, o governo de Ardern está dando bilhões de dólares para subsídios e pacotes de resgate para grandes corporações como Fletcher Building, Sky City Casino e Air New Zealand, que depois demitiu milhares de trabalhadores, com a colaboração dos sindicatos.

Como resultado, a crise social está se agravando. Cerca de 12% estão agora desempregados ou subempregados. A renda mediana caiu mais de 6% no ano passado. Mais de um quinto das crianças vivem na pobreza. A especulação imobiliária impulsiona os aluguéis por aproximadamente 25% desde 2017 levando milhares de famílias a perderem suas casas.

O governo, adotando a política do partido nacionalista de direita New Zealand First, tenta defletir a revolta através do nacionalismo e da xenofobia. Milhares de trabalhadores migrantes que vivem na Nova Zelândia estão presos fora do país e não têm mais permissão para entrar por causa de uma política de fronteiras extremamente discriminatória.

A brutalidade da classe dominante está levando os trabalhadores para a esquerda e a um ressurgimento da luta de classes. Na semana passada, motoristas de ônibus em Wellington, que ganham menos do que o salário mínimo, foram bloqueados de trabalhar pela NZ Bus, porque votaram a favor de uma greve depois que a empresa tentou cancelou uma semana de férias cortar a remuneração por hora-extra.

Os enfermeiros também reagiram com revolta após uma oferta de 1,38% de aumento salarial sem nenhuma medida para enfrentar a falta de funcionários nos hospitais. Isso é menos do que a oferta de 3% de 2018, que desencadeou uma greve histórica em todo o país de 30 mil trabalhadores hospitalares, antes da associação de enfermeiros neozelandeses forçar a aprovação de um acordo entreguista.

A traição dessa greve de 2018 e de uma greve semelhante dos professores mostrou que, conforme os trabalhadores lutarem por salários e condições razoáveis e pela a defesa da sua saúde eles entrarão em conflito aberto não apenas com o Estado e as empresas, mas com a burocracia sindical pró-capitalista.

Os esforços atuais do governo Ardern, parar a investigação sobre o desastre da mina de Pike River, na qual 29 homens foram mortos em uma explosão evitável há dez anos, mostra os esforços que o Partido Trabalhista e os sindicatos farão para proteger as empresas, para os quais os lucros e a produção antes das vidas dos trabalhadores.

A Nova Zelândia não é uma exceção. Os brutais ataques contra a classe trabalhadora sob este governo resslta como é urgente que os trabalhadores formem novas organizações de luta como parte da Aliança Operária Internacional de Comitês de Base.

Acima de tudo, chamamos os trabalhadores, para se tornarem membros do Grupo Socialista pela Igualdade e lutem para construí-lo como uma seção da Nova Zelândia do Comitê Internacional da Quarta Internacional, para unir forças com os trabalhadores do mundo inteiro e para lutar pela reorganização socialista da sociedade.

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