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Perspectivas

Como acabar com a pandemia: A necessidade da erradicação

Publicado originalmente em 6 de outubro de 2021

Em 24 de outubro, o World Socialist Web Site e a Aliança Operária Internacional de Comitês de Base (AOI-CB) irão realizar um webinar para explicar a necessidade urgente da adoção de uma política de erradicação da COVID-19. Um painel de cientistas e epidemiologistas fornecerá o conhecimento crítico necessário para desenvolver um movimento amplo e internacional para finalmente colocar um fim à pandemia.

O webinar internacional irá acontecer em uma etapa crítica da pandemia. Por um lado, há uma demanda crescente entre os trabalhadores por uma ação eficaz para acabar com o pesadelo da COVID-19. Em 1º de outubro, uma greve escolar, convocada pela mãe britânica Lisa Diaz para se opor à reabertura irresponsável de escolas que colocou a vida das crianças em enorme risco, recebeu uma resposta significativa de trabalhadores em todo o mundo.

Por outro lado, os governos, agindo sob imensa pressão de interesses corporativos e financeiros globais, estão abandonando todas as medidas anteriormente implementadas para deter a propagação do novo coronavírus.

Na segunda-feira, a primeira-ministra neozelandesa Jacinda Ardern anunciou a reabertura de escolas e negócios em Auckland, a maior cidade do país. A Nova Zelândia havia sido um dos poucos países que tinham implementado uma estratégia de “zero COVID”.

As restrições estão sendo removidas não por terem falhado, mas por terem sido bem-sucedidas. Na Nova Zelândia, apenas 27 pessoas morreram de COVID-19 desde o início da pandemia. No entanto, o sucesso em salvar vidas através de políticas elaboradas por cientistas conscientes aconteceu em detrimento dos lucros corporativos. Enfrentando uma crise econômica e na cadeia de suprimentos cada vez maior, as gigantes transnacionais e os bancos estão exigindo a eliminação de todas as restrições às operações comerciais, independentemente das infecções e mortes que serão a consequência inevitável.

Um caminho semelhante está sendo seguido na Austrália, onde as restrições de viagem foram removidas após uma carta aberta de grandes corporações denunciando os “grandes erros” dos governos federal e estaduais na tentativa de conter a propagação do vírus.

Uma enorme pressão tem sido exercida sobre os países da Ásia/Pacífico, provocando um forte surto da pandemia em toda a região. As demandas por uma mudança de rumo são igualmente dirigidas contra a China, o país mais populoso do mundo, que, através de medidas agressivas de saúde pública, limitou o número de mortes a menos de 5.000 em uma população de 1,4 bilhão.

Nos Estados Unidos e nas grandes potências europeias, todas as pretensões de medidas sérias para impedir a transmissão foram abandonadas. As escolas foram reabertas ao ensino presencial, levando a um forte aumento de casos e mortes entre crianças e consequências desconhecidas para toda uma geração que enfrenta a possibilidade de ter “COVID longa”. As crianças retornaram às escolas para contrair e espalhar o vírus para que seus pais possam voltar ao trabalho, aumentando os lucros da elite corporativa.

A linha na mídia americana é que é “necessário viver com o vírus” e que outras medidas de saúde pública devem ser abandonadas.

“A COVID-19 está novamente recuando”, escreveu na segunda-feira David Leonhardt, do New York Times, afirmando que uma leve queda nos casos indica que o pior da pandemia provavelmente já passou. A pandemia vai continuar, ele reconhece, mas isso deve acontecer para se tornar endêmica na população. “A COVID também não vai desaparecer tão cedo. Ela continuará circulando durante anos, acreditam muitos cientistas. Mas as vacinas podem transformar a COVID em uma doença controlável, não tão diferente de uma gripe ou resfriado comum... O que quer que o outono traga, o pior da pandemia quase certamente já passou.”

Isso é mentira. Não só a grande maioria da população mundial não está vacinada, incluindo todas as crianças menores de 12 anos, mas a propagação contínua do vírus garante a evolução de novas cepas, incluindo possivelmente aquelas que são mais infecciosas e resistentes às vacinas. A COVID-19, além disso, está longe de ser uma “gripe comum”. É um vírus incrivelmente mortal, que, caso se permita que se torne endêmico, poderá matar milhões de pessoas mais.

Os movimentos para remover todas as restrições à propagação da pandemia lançam uma luz dura sobre os interesses sociais e econômicos que determinaram a política de governos desde o início. A resposta à pandemia tem sido impulsionada pelas prerrogativas econômicas da elite dominante, expressas no lema de que salvar vidas deve se equilibrar com “a economia”, e que “a cura não pode ser pior do que a doença”.

O WSWS identificou as três estratégias básicas em relação ao novo coronavírus: 1. “imunidade de rebanho”, ou seja, essencialmente incentivar a propagação do vírus com base na alegação de que, se um número suficiente de pessoas for infectado, acabará levando ao fim da pandemia; 2. mitigação, que alega que uma coleção de meias medidas combinada com a vacinação colocará a pandemia sob controle; e 3. erradicação, o emprego universal de cada arma no arsenal de medidas para combater a COVID-19, coordenada em escala global.

O estado atual da pandemia e o abandono sistemático das restrições que foram colocadas em prática deixam claro que o único método viável para acabar com a pandemia é a erradicação. A vacinação, embora seja uma ferramenta eficaz, só pode interromper a transmissão se for combinada com medidas agressivas de saúde pública, incluindo o fechamento da produção não essencial e de escolas, juntamente com testagem em massa, rastreamento de contatos e isolamento dos indivíduos infectados.

Sem uma intervenção da classe trabalhadora para forçar uma mudança de política, o vírus continuará se espalhando e evoluindo, causando um impacto assombroso na vida humana.

A base da ação política deve ser o conhecimento e a compreensão. Diante de uma campanha de propaganda implacável dos governos e da mídia, é vital e urgente armar o público com a verdade científica.

A classe trabalhadora não pode avançar na luta contra a pandemia sem a ajuda da ciência, e a implementação das medidas cientificamente necessárias para deter a pandemia depende da construção de um movimento na classe trabalhadora. Os cientistas que se dedicam à saúde pública devem resistir à enorme pressão que está sendo exercida pelos bancos e corporações e tomar uma posição em defesa da vida humana.

Milhões de vidas já foram perdidas, e milhões mais serão perdidas se uma mudança na política não for implementada. A pandemia pode e deve ser detida. Medidas de saúde pública coordenadas e agressivas, implementadas em escala global, podem erradicar o vírus de uma vez por todas.

O webinar de 24 de outubro apresentará a um público global a necessidade científica da erradicação do vírus. Fazemos um chamado a todos os nossos leitores para que se inscrevam hoje no webinar, conversem com seus colegas de trabalho sobre o assunto e promovam o evento o mais amplamente possível nas redes sociais.

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