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Cientistas demandam ação urgente para salvar vidas ante disseminação global da variante Omicron da COVID-19

Publicado originalmente em 29 de novembro de 2021

Durante o fim de semana, novos casos da variante Omicron da COVID-19, que parece se espalhar mais rapidamente que outras linhagens e pode ser mais mortal, foram detectados na Austrália, Bélgica, Botsuana, Grã-Bretanha, Dinamarca, Alemanha, Hong Kong, Israel, Itália, Holanda, França e Canadá.

A rápida disseminação da nova variante foi recebida com passividade pelos governos de todo o mundo, que rejeitaram o fechamento de escolas e empresas não essenciais, mesmo com o atual surto da variante Delta já provocando recordes de casos de COVID-19.

Um atendente de gasolina está ao lado de uma manchete de jornal em Pretória, África do Sul, sábado, 27 de novembro de 2021. (AP Photo/Denis Farrell)

“A variante Omicron está provavelmente em toda parte, e agora tem uma enorme capacidade de mutação”, disse o imunologista Dr. Anthony Leonardi ao World Socialist Web Site.

“Ao ultrapassar a Delta, ela provocará ainda mais infecções. Portanto, vai evoluir ainda mais rápido do que a Delta. Mas nunca se sabe, porque qualquer uma dessas variantes pode entrar neste momento em uma pessoa imunocomprometida e simplesmente desenvolver alguma evolução fantástica”.

Leonardi acrescentou: “E, portanto, precisamos mudar completamente a forma como lidamos com isso”.

Condenando a complacência do governo, Leonardi tuitou ontem: “Se você espera os corpos se amontoarem para ter uma prova, esses serão seus amigos, família e vizinhos. É antiético sentar-se sem fazer nada. O spike mudou sua conformação em muitos locais-chave. A propagação é rápida em locais com alta convalescença. Seja responsável!”.

O epidemiologista Eric Feigl-Ding tuitou: “Muita desinformação sendo agora divulgada, de que a #Omicron é ‘branda’. Isso é um absurdo – baseado em uma citação fora de contexto. Não caia nessa – ninguém ainda sabe muito a respeito. E hospitalizações ainda estão crescendo nas províncias mais atingidas em que a #B11529 é dominante na África do Sul”.

No domingo, Anthony Fauci, o principal conselheiro médico do presidente americano Joe Biden, recusou-se a pedir quaisquer novas medidas para deter a perigosa nova variante, insistindo, ao invés disso, que a população deve “viver com” a doença.

Dr. Jorge A. Caballero, em resposta à aparição de Fauci no programa “Meet the Press”, tuitou: “Já vi o bastante. Precisamos de mudanças estratégicas ousadas, e a atual equipe de Emergência da Casa Branca não está à altura da tarefa... A variante Omicron deve ser um alerta. Se os talk shows de domingo de manhã de hoje são alguma indicação, a equipe de Emergência da Casa Branca à COVID está dormindo ao volante”.

Ele acrescentou: “Dados globais sugerem fortemente que precisamos de mais de 85% da *população total* plenamente vacinada para relaxar de forma segura a obrigatoriedade de máscaras”.

“Dado que a variante Omicron pode, pelo menos parcialmente, escapar da proteção oferecida pelas vacinas, é importante que todos os países expandam as medidas sociais e de saúde pública para limitar a transmissão COVID-19”, disse Yaneer Bar-Yam, fundador da World Health Network. “O público deve ser advertido sobre a importância das medidas de saúde pública, além da vacinação, para salvaguardar sua própria saúde e de seus familiares”.

A Dra. Malgorzata Gasperowicz, especialista em biologia do desenvolvimento e pesquisadora da Universidade de Calgary, tuitou: “Ondas de COVID não surgem espontaneamente. Más políticas causam ondas!”.

A resposta dos Estados Unidos à pandemia tem sido desastrosa. Cerca de 50 milhões de pessoas foram infectadas e mais de 800.000 morreram. Somente em 2021, mais de 425.000 pessoas morreram de COVID-19. Em comparação, em 2021 apenas duas pessoas morreram de COVID na China, que está executando ativamente uma estratégia de eliminação da COVID-19.

Em apenas duas semanas, os casos de COVID-19 na África do Sul sextuplicaram, passando de 265 para 1.666, em média semanal. Ontem, a África do Sul reportou 3.220 novas infecções. Com base nos dados de sequenciamento, é esperado que a Omicron eclipse a Delta por completo. Enquanto isso, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) da África do Sul está relatando que em Gauteng, uma província altamente urbanizada e povoada na África do Sul, as hospitalizações triplicaram nas últimas duas semanas, passando de 135 para 418 internações.

Durante uma conferência de imprensa online, o chefe da unidade de terapia intensiva do Hospital Baragwanath de Soweto, Rudo Mathivha, explicou: “Estamos vendo uma mudança marcante no perfil demográfico dos pacientes com COVID-19. Os jovens, entre os 20 e pouco mais de 30 anos, estão chegando com casos moderados a graves, alguns necessitando de cuidados intensivos. Cerca de 65% não estão vacinados e a maioria dos demais estão apenas parcialmente vacinados. Me preocupa que, à medida que os números subam, as instalações de saúde pública fiquem sobrecarregadas”.

A propagação da variante Omicron, que se soma a um surto global de casos impulsionados pela variante Delta, ameaça um aumento massivo de casos e mortes em todo o mundo. A classe trabalhadora internacional deve assumir como demanda e lutar por medidas emergenciais de saúde pública que os cientistas insistem ser necessárias, incluindo o fechamento imediato das instalações de saúde pública em todo o mundo.

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