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Perspectivas

Carta aberta à classe trabalhadora: é preciso acabar com a pandemia e salvar vidas em 2022!

Publicado originalmente em 30 de dezembro de 2021

Companheiros,

À medida que nos aproximamos do final do ano, os trabalhadores nos Estados Unidos e em todo o mundo devem tomar a decisão de agir coletivamente e finalmente acabar com a pandemia de COVID-19. O ano de 2022 não deve ser mais um ano de pesadelo com infecções, adoecimento e mortes em massa!

A catástrofe social dos últimos dois anos é o resultado da criminosa subordinação da saúde pública à incessante acumulação de lucros corporativos e da riqueza privada de multimilionários e bilionários.

Em termos de seu custo em vidas humanas, esta pandemia certamente está entre as maiores tragédias da história americana. Quando 2021 começou, 373.356 americanos já haviam sucumbido ao vírus. Hoje, esse número é de 842.493, um aumento de 469.137 mortes em 2021, apesar da chegada de vacinas que salvam vidas.

Professores protestam com cartazes que exigem o aumento dos testes de COVID-19, em frente à escola P.S. 64 Earth School, na terça-feira, 21 de dezembro de 2021, em Nova York. (AP Photo/Brittainy Newman) [AP Photo/Brittainy Newman]

Um a cada 100 idosos com mais de 65 anos de idade perdeu a vida. A expectativa de vida – o indicador mais importante para a saúde pública – caiu dois anos seguidos. Isto nunca havia acontecido, exceto durante a Segunda Guerra Mundial, quando a queda na expectativa de vida foi causada pela perda de muitos jovens.

Mas o impacto da pandemia está sendo pior do que qualquer guerra precedente. Mais americanos morreram de COVID-19 do que durante quatro anos de combate na Guerra Civil Americana (cerca de 700.000 mortos) ou durante o envolvimento dos EUA na Segunda Guerra Mundial (407.000 mortos). Todos os dias, outros 1.500 americanos morrem desnecessariamente devido à doença.

Oficialmente, 33,3 milhões de americanos foram infectados pela COVID-19 em 2021, mas o número real é muito maior devido à testagem inadequada. Além do crescente número de mortes, milhões de pessoas estão lutando com os efeitos da COVID longa. Este mal pode afetar todos os sistemas e órgãos do corpo, persistir por décadas e deixar os indivíduos acometidos com sérios problemas físicos e danos cerebrais ainda mais graves do que os associados ao envenenamento por chumbo.

Praticamente todos têm um amigo ou membro da família que morreu deste vírus horrível. Muitos de vocês lendo esta carta já foram infectados e podem estar sofrendo de COVID longa.

Mas, mesmo após dois anos, a rápida disseminação da Ômicron traz consigo o perigo de que o novo ano seja ainda pior do que 2020 e 2021. Na quarta-feira, os EUA registraram um recorde mundial de 484.377 novos casos diários. O Institute for Health Metrics and Evaluation estima que 140 milhões de americanos poderão ser infectados pela Ômicron nos próximos três meses, com um pico de 2,8 milhões de infecções por dia até o final de janeiro.

Sob condições em que os sistemas hospitalares já estão sobrecarregados ao limite, as internações estão mais uma vez aumentando em todo o país. Mais de 84.000 americanos estão atualmente hospitalizados com COVID-19, incluindo números recordes de crianças que estão mais em risco com a variante Ômicron.

Em meio a esta crise sem precedentes, o mercado de ações continua a disparar porque o governo Biden e os governos estaduais, independentemente de se controlados por democratas ou republicanos, recusam-se a tomar quaisquer medidas que possam afetar os interesses corporativos.

A desinformação e falsificações do governo alimentam uma sensação de desânimo, que é então utilizada para promover diretamente o derrotismo em relação à pandemia. A mídia corporativa argumenta agora que temos que “conviver com a COVID”, que segundo eles se tornará inevitavelmente endêmica. O que isso significa? Qual é o objetivo final desta política, e quando o sofrimento e as mortes desnecessárias de milhões de pessoas vão parar?

Na verdade, com as medidas apropriadas, o vírus ainda pode ser eliminado no decorrer de apenas alguns meses. Na China, a estratégia da COVID Zero levou à eliminação do vírus em abril de 2020, com apenas duas mortes registradas desde maio de 2020. Os métodos utilizados na China são bem conhecidos e desenvolvidos a partir de mais de um século de experiência no combate a doenças infecciosas.

Os princípios da ciência e da saúde pública estão sendo constantemente ignorados e falsificados para impor uma narrativa que justifique a reabertura total das atividades econômicas.

As novas diretrizes dos Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), reduzindo os períodos de quarentena e isolamento de 10 para cinco dias, são as últimas de uma série interminável de ações destrutivas. O governo declarou abertamente que sua política é permitir que a COVID-19 se espalhe indefinidamente.

A insistência imprudente em manter fábricas e outros locais de trabalho abertos, e enviar crianças para a escola vai na direção contrária a tudo o que foi aprendido na luta contra doenças infecciosas. Séculos de estudo científico deram à humanidade um arsenal de conhecimentos para o combate de doenças. Este conhecimento foi usado no século XX, inclusive nos Estados Unidos, para eliminar doenças que antes eram as principais causas de morte, incluindo pólio, varíola, sarampo, malária e febre amarela.

A ciência moderna mostrou que o fechamento de todos os locais de trabalho não essenciais e a transição para o ensino remoto em todas as escolas por um período de dois meses poderia rapidamente colocar a transmissão viral sob controle e lançar as bases para a eliminação total da COVID-19. Esses lockdowns necessários devem ser acompanhados pelo fornecimento de total apoio financeiro e social para todos os trabalhadores e pequenos empresários afetados.

Os bloqueios de dois meses devem ser combinados com a produção e distribuição globalmente coordenada de vacinas e máscaras de alta qualidade para todos os países, assim como o uso de testes em massa, rastreamento de contatos, isolamento seguro e tratamento de pacientes infectados, e uma expansão dramática da infraestrutura de saúde. Em todos os locais de trabalho e hospitais essenciais, os trabalhadores devem ter acesso a máscaras N95 ou de melhor qualidade, assim como a modernos sistemas de filtragem de ar e ventilação. Todas as viagens domésticas e internacionais não essenciais devem ser imediatamente canceladas para permitir a eliminação do vírus em cada país.

A classe trabalhadora deve tomar o controle das coisas. A luta para acabar com a pandemia deve se basear nos seguintes princípios:

  1. A atual política de “imunidade do rebanho” – isto é, permitir que a COVID-19 se espalhe por toda a população – deve ser repudiada. Uma nova estratégia, voltada para a eliminação e erradicação da SARS-CoV-2 deve ser adotada.
  2. As políticas implementadas para impedir a transmissão viral devem ser determinadas pelas necessidades de saúde pública. A proteção da vida e segurança humana deve ter prioridade absoluta e incondicional sobre todos os interesses financeiro-empresariais. Os custos do combate à pandemia – incluindo o pagamento de salários e rendimentos, compensação aos pequenos empresários, cobertura médica completa para os doentes e pagamentos às famílias enlutadas – devem ser financiados pelas grandes empresas e por um imposto de 100% sobre os lucros repentinos com a pandemia obtidos pelos grandes investidores através da corrida ao mercado de ações.
  3. A luta contra a pandemia deve ser conduzida em escala global. A pandemia não pode ser detida a menos que a SARS-CoV-2 seja eliminada em todos os países. Os trabalhadores americanos devem exigir que vacinas sejam fornecidas em quantidades necessárias, gratuitamente, a seus irmãos e irmãs de classe nos países menos desenvolvidos.

Os democratas e republicanos, as grandes empresas e a mídia corporativa irão declarar que estas políticas são 1) impossíveis de serem implementadas e 2) incompatíveis com o sistema capitalista existente.

A resposta à primeira objeção é que impossível é aceitar a infecção de milhões de pessoas e a perda massiva de vidas.

Quanto à segunda objeção, a resposta é simplesmente esta: se o capitalismo é incapaz de oferecer solução para uma crise que ameaça a vida e o bem-estar da grande maioria da população, então ele deve ser eliminado e substituído por um sistema socialista que priorize a vida em detrimento do lucro.

A luta contra a COVID é, em essência, uma luta contra o capitalismo. A tragédia dos últimos dois anos é uma reivindicação da reorganização da economia mundial no interesse da classe trabalhadora.

Convocamos todos os trabalhadores a circular esta declaração, iniciar discussões em seu local de trabalho, formar comitês de base e ganhar apoio para a ação coletiva para deter a propagação da pandemia.

Entre em contato com o Partido Socialista pela Igualdade e a Aliança Operária Internacional de Comitês de Base. Estamos ansiosos para discutir com você a situação em seu local de trabalho e ajudá-lo a organizar a luta para acabar com a pandemia.

Fraternalmente,

Partido Socialista pela Igualdade (EUA)

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