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Carta aberta aos trabalhadores do Brasil: é preciso acabar com a pandemia e salvar vidas em 2022!

Companheiros,

O ano de 2022 acabou de começar e já está sendo marcado por um novo surto de COVID-19 no Brasil e em todo o planeta. Os trabalhadores brasileiros e de todo o mundo precisam tomar a decisão de agir coletivamente e finalmente acabar com a pandemia. Este não pode ser mais um ano de pesadelo, com contaminações, adoecimento e mortes em massa!

A catástrofe social dos últimos dois anos é resultado da subordinação criminosa dos interesses de saúde pública ao acúmulo contínuo de lucros pelas grandes empresas e riqueza privada por multimilionários e bilionários.

Em termos do custo de vidas humanas, esta pandemia está certamente entre as maiores tragédias da história brasileira. O ano de 2021 foi o mais letal da história do Brasil, com mais de meio milhão de mortes em excesso se comparado aos anos anteriores à pandemia.

Professores e funcionários públicos em greve protestam contra reforma previdenciária. São Paulo, 19 de outubro de 2021. (WSWS Media)

Oficialmente, 25,3 milhões de brasileiros já foram infectados pela COVID-19. O número real é, no entanto, muitas vezes maior devido aos baixíssimos índices de testagem no país. Além do número crescente de mortes, milhões de pessoas estão lutando contra os efeitos da COVID longa. Este mal pode afetar todos os sistemas e órgãos do corpo, persistir por um tempo desconhecido – possivelmente toda a vida – e deixar suas vítimas sofrendo de sérios problemas físicos e danos cerebrais ainda mais severos dos que os associados ao envenenamento por chumbo.

Praticamente todos têm um amigo ou membro da família que morreu por causa deste vírus terrível. Muitos de vocês lendo esta carta já foram infectados e podem estar sofrendo com a COVID longa.

Mas, mesmo após dois anos, a rápida disseminação da Ômicron traz o perigo de que o novo ano seja ainda pior do que 2020 e 2021. Nas últimas duas semanas, o Brasil registrou sucessivos recordes de casos, com 257 mil casos notificados em 28 de janeiro, mais do que o dobro do recorde de ondas anteriores! O Instituto de Métricas e Saúde da Universidade de Washington estima que o número real de contaminações no Brasil já esteja em torno de 4 milhões de casos diários.

Apesar da campanha massiva de desinformação pela mídia oficial e o governo fascistoide de Jair Bolsonaro, que buscam convencer a população de que a Ômicron é uma variante “leve” – ou até mesmo que é “bem-vinda” e representa o suposto “fim da pandemia”! – as mortes, tragicamente, voltaram a explodir. Nesta terça-feira, foram registrados 929 óbitos, com a curva de mortes em plena ascensão.

O surto global impulsionado pela Ômicron está tendo um custo especialmente terrível para as crianças. No Brasil, sete estados já atingiram lotação dos leitos de UTI infantis. Crianças de até 11 anos já representam 4,5% dos internados em UTIs de COVID-19 no país, um recorde em toda a pandemia, e o número de mortes nessa faixa etária quintuplicou em janeiro. Crianças não apenas podem morrer, mas desenvolver doenças graves em decorrência da COVID-19 como Síndrome Inflamatória Multissistêmica e problemas crônicos, incluindo lesões cognitivas e problemas motores.

Frente a esse cenário catastrófico, o lema adotado por todos os partidos da burguesia – incluindo o PT e seus aliados nos governos do Nordeste – é: “Nenhum passo atrás na reabertura da economia! Deixe o vírus se espalhar como fogo no palheiro!”. Eles abraçaram, inquestionavelmente, a estratégia anticientífica e eugenista da “imunidade de rebanho” – inaugurada por Bolsonaro e a extrema-direita.

O resultado da reabertura das escolas, que está sendo imprudentemente iniciado em todo o país, será sabidamente catastrófico. Como afirmou o pesquisador Lucas Ferrante em entrevista ao WSWS: “Festas de final de ano não aumentam a transmissão comunitária e a mobilidade urbana em mais de 40-50%, o retorno das aulas aumenta”. Apesar disso, editoriais na grande imprensa clamam pela manutenção a todo custo de “aulas presenciais obrigatórias” e forjam – como fez a Folha de S. Paulo – termos como “retrocesso sanitário” para descrever as medidas científicas estabelecidas para interromper a transmissão viral.

A desinformação e as falsificações promovidas por essas forças políticas alimentam uma sensação de desânimo, que é então utilizada para promover diretamente o derrotismo em relação à pandemia. A mídia argumenta que temos que “conviver com a COVID”, que segundo eles se tornará inevitavelmente endêmica. O que isso significa? Qual é o objetivo final desta política, e quando o sofrimento e as mortes desnecessárias de milhões de pessoas vão parar?

Na verdade, com as medidas apropriadas, o vírus ainda pode ser eliminado no decorrer de apenas alguns meses. Na China, a estratégia da COVID Zero levou à eliminação do vírus em abril de 2020, com apenas duas mortes registradas desde maio de 2020. Os métodos utilizados na China são bem conhecidos e desenvolvidos a partir de mais de um século de experiência no combate a doenças infecciosas.

Os princípios da ciência e da saúde pública estão sendo constantemente ignorados e falsificados para impor uma narrativa que justifique a reabertura total das atividades econômicas. A redução dos períodos de quarentena e isolamento, seguindo as diretrizes criminosas do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA, é apenas a mais recente de uma série interminável de ações destrutivas.

A insistência criminosa em manter fábricas e outros locais de trabalho abertos, e enviar crianças para a escola vai na direção contrária a tudo o que foi aprendido na luta contra doenças infecciosas. Séculos de estudo científico deram à humanidade um arsenal de conhecimentos para o combate de doenças. Esse conhecimento foi usado no século XX, inclusive no Brasil, para eliminar doenças que antes eram as principais causas de morte, incluindo pólio, varíola, sarampo, malária e febre amarela; algumas das quais têm retornado em surtos devido à destruição da saúde pública promovida pela classe dominante.

A ciência moderna mostrou que o fechamento dos locais de trabalho não essenciais e a transição para o ensino remoto em todas as escolas por um período de dois meses poderia rapidamente colocar a transmissão viral sob controle e lançar as bases para a eliminação total da COVID-19. Esses lockdowns necessários devem ser acompanhados pelo pagamento de apoio financeiro integral para todos os trabalhadores, autônomos e pequenos empresários afetados.

Os bloqueios de dois meses devem ser combinados à produção e distribuição globalmente coordenada de vacinas e máscaras de alta qualidade para todos os países, assim como o uso de testes em massa, rastreamento de contatos, isolamento seguro e tratamento de pacientes infectados, e uma expansão drástica da estrutura de saúde. Em todos os hospitais e locais de trabalho essenciais, os trabalhadores devem ter acesso a máscaras PFF2 ou de melhor qualidade, assim como a modernos sistemas de filtragem de ar e ventilação. Todas as viagens domésticas e internacionais não essenciais devem ser imediatamente canceladas para permitir a eliminação do vírus em cada país.

A classe trabalhadora precisa tomar a rédea da situação. A luta para acabar com a pandemia deve se basear nos seguintes princípios:

1. A atual política de “imunidade de rebanho” – isto é, permitir que a COVID-19 se espalhe por toda a população – deve ser repudiada. Uma nova estratégia, voltada para a eliminação e erradicação do SARS-CoV-2 deve ser adotada.

2. As políticas a serem implementadas para impedir a transmissão viral devem ser determinadas pelas necessidades da saúde pública. A proteção da vida e segurança humana deve ter prioridade absoluta e incondicional sobre todos os interesses financeiro-empresariais. Os custos do combate à pandemia – incluindo o pagamento de salário e renda, compensação aos pequenos empresários, cobertura médica completa para os doentes e indenização às famílias enlutadas – devem ser financiados pelas grandes empresas e por um imposto de 100% sobre os lucros obtidos durante a pandemia pelos grandes investidores através da corrida ao mercado de ações.

3. A luta contra a pandemia deve ser conduzida em escala global. A pandemia não pode ser detida a menos que o SARS-CoV-2 seja eliminado em todos os países.

Os partidos burgueses, as grandes empresas e a mídia corporativa vão declarar que essas políticas são 1) impossíveis de serem implementadas e 2) incompatíveis com o sistema capitalista existente.

A resposta à primeira objeção é que o impossível é aceitar a contaminação de milhões de pessoas e a perda massiva de vidas.

Quanto à segunda objeção, a resposta é simplesmente esta: se o capitalismo é incapaz de oferecer solução para uma crise que ameaça a vida e o bem-estar da grande maioria da população, então ele deve ser eliminado e substituído por um sistema socialista que priorize a vida em detrimento do lucro.

A luta contra a COVID é, em essência, uma luta contra o capitalismo. A tragédia dos últimos dois anos é uma confirmação da necessidade de reorganização da economia mundial no interesse da classe trabalhadora.

Convocamos todos os trabalhadores a circular esta declaração, iniciar discussões em seu local de trabalho, formar comitês de base e ganhar apoio à ação coletiva para deter a propagação da pandemia.

Entre em contato com o Grupo Socialista pela Igualdade e a Aliança Operária Internacional de Comitês de Base. Estamos ansiosos para discutir a situação em seu local de trabalho e ajudá-lo a organizar a luta para acabar com a pandemia.

Fraternalmente,

Grupo Socialista pela Igualdade (BR)

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