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Discurso para o evento antiguerra de 10 de dezembro da JEIIS

Um movimento antiguerra deve ser liderado pela classe trabalhadora

Estamos publicando o discurso de Will Lehmanao evento de 10 de dezembro “Por um Movimento de Massas da Juventude e Estudantes para Deter a Guerra na Ucrânia!” organizado pela Juventude e Estudantes Internacionais pela Igualdade Social.

Lehman é um trabalhador de base da Mack Trucks em Macungie, Pensilvânia, que concorreu à presidência do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Automotiva (UAW) nos Estados Unidos. Para obter mais informações e se juntar à JEIIS, clique aqui.

Will Lehman | Discurso ao evento antiguerra de 10 de dezembro da JEIIS

Eu sou Will Lehman, trabalho na Mack Trucks em Macungie, Pensilvânia, e este ano concorri à presidência internacional do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Automotiva (UAW) nos Estados Unidos.

Eu defendo a construção de um movimento de massas para acabar com a guerra da Ucrânia. As guerras intermináveis e em expansão dos Estados Unidos no exterior são inseparáveis da escalada da guerra contra a classe trabalhadora em casa.

Há apenas duas semanas, o Congresso dos EUA, com o apoio tanto dos Democratas como dos Republicanos, aprovou uma lei proibindo cem mil trabalhadores ferroviários de entrarem em greve, forçando-os a aceitar um contrato que eles haviam rejeitado. Os ferroviários querem lutar pelo que os trabalhadores de todo o mundo exigem: um padrão de vida decente, salários que acompanham a inflação crescente e horários de trabalho que lhes permitam passar tempo com suas famílias.

Os EUA sempre justificam suas guerras no exterior alegando que está defendendo a “liberdade” e a “democracia”, mas o momento em que os trabalhadores daqui tomam qualquer ação em defesa de nossos interesses, a classe dominante não hesita em utilizar o poder do Estado para nos reprimir. Se os trabalhadores ferroviários desafiassem essa tentativa para enfiar este contrato pela goela abaixo, não há dúvida de que as corporações e os ricos mobilizariam o exército para fazer cumprir sua vontade.

A classe trabalhadora americana está começando a entender isso, um processo que tem as mais profundas consequências para a luta contra a guerra.

Eu concorri à presidência do UAW este ano sob uma plataforma para abolir a burocracia sindical pró-corporativa e nacionalista e transferir o poder para os trabalhadores no chão de fábrica.

Deixei claro que eu estava avançando um programa para a unidade internacional da classe trabalhadora, enfatizando que os trabalhadores em todos os países têm os mesmos interesses. Expliquei que sou um socialista que se opõe à exploração capitalista onde quer que ela exista. Falei contra as guerras da classe dominante americana, explicando aos meus colegas de trabalho que estas guerras são travadas em nome dos ricos e que não temos interesse em travá-las. E muitos, muitos trabalhadores concordaram.

Apesar da supressão de votos pelo aparato do UAW, milhares de trabalhadores votaram a favor deste programa. Em minhas discussões com os trabalhadores, encontrei um enorme apoio para unir os trabalhadores em todos os países em uma luta comum contra nossos inimigos de classe.

Durante minha campanha, falei com os trabalhadores na Alemanha, Sri Lanka, Índia e México, e descobri que todos nós queremos lutar pelas mesmas coisas. Trabalhadores em todo o mundo devem ser enormemente encorajados pelo crescimento da luta de classes nos Estados Unidos. A classe dominante americana realiza uma guerra contínua no exterior, mas seu inimigo mais perigoso está aqui em casa.

A imagem dos Estados Unidos visto por trabalhadores de outros países é constantemente distorcida pela propaganda da classe dominante americana. Os Estados Unidos são, supostamente, o país mais rico do mundo, a terra do “sonho americano”, mas na verdade a vasta riqueza do país é controlado quase exclusivamente por uma pequena elite empresarial e financeira.

E trabalhadores em muitos países tiveram bombas lançadas em suas casas e seus governos derrubados pela máquina de guerra imperialista americana. Tendo vivenciado apenas esses atos brutais de violência, milhões de trabalhadores internacionalmente pensam que isso é tudo o que existe nos Estados Unidos.

Mas existem dois Estados Unidos, os EUA da classe dominante e os EUA da classe trabalhadora. A maioria da população americana não apoia a guerra que está sendo realizada nas nossas costas.

Os crimes do imperialismo americano são acobertados, e aqueles que os expõem, como o fundador do Wikileaks Julian Assange, são presos e torturados. Como os trabalhadores em todo o mundo, os trabalhadores americanos querem poder levar uma vida decente, livre da pobreza e da miséria.

Os trabalhadores ferroviários fazem parte de um movimento crescente que inclui cinquenta mil trabalhadores acadêmicos que estão atualmente em greve, trabalhadores portuários que estão trabalhando sob contratos vencidos, professores diante da dizimação da educação pública, trabalhadores da saúde confrontados com o colapso do sistema de saúde sob o impacto da pandemia, jovens trabalhadores dos serviços que não ganham o suficiente para sobreviver, e muito menos começar uma família.

Após décadas de contrarrevolução social, os trabalhadores americanos estão começando a ver além da propaganda de ambos os partidos que tenta nos dividir uns contra os outros, e que procura nos colocar contra nossos colegas de classe em todo o mundo.

É esta força social que deve ser mobilizada em oposição à guerra imperialista. Não haverá nenhum movimento antiguerra significativo que não seja liderado pela classe trabalhadora. Essa é a lição essencial da história da luta contra a guerra.

É com base na luta de classes que a classe trabalhadora internacional se unificará contra todos os males e consequências do capitalismo, da mudança climática e da degradação ambiental, à desigualdade e à exploração, ao crescimento do fascismo e da ditadura.

Na luta contra a guerra, nossa bandeira deve conter as palavras de Marx e Engels de 170 anos atrás: “Proletários de todos os países, uni-vos! Não temos nada a perder a não ser nossos grilhões!”

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