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A luta em desenvolvimento na França para derrubar o governo Macron

Estamos publicando o discurso de Alex Lantier no Ato Internacional Online de Primeiro de Maio de 2023. Lantier é o secretário nacional do Parti de l’égalité socialiste (PES), a seção francesa do Comitê Internacional da Quarta Internacional. Todos os discursos do ato podem ser assistidos clicando aqui, com as legendas em português podendo ser ativadas nas configurações do vídeo.

Trago saudações fraternas do Parti de l’égalité socialiste para este Ato Internacional Online de Primeiro de Maio.

Neste Primeiro de Maio, milhões de trabalhadores marcharão contra o presidente Macron e sua reforma da previdência ilegítima que tem a oposição de três quartos do povo francês.

Ato Internacional Online de Primeiro de Maio de 2023

A luta da classe trabalhadora contra Macron possui uma importância mundial. Em todos os países, os trabalhadores enfrentam as mesmas condições essenciais. Os Estados capitalistas usam a violência policial-militar para violar a democracia e empobrecer os trabalhadores. E enquanto eles conspiram contra o povo, esses governos dependem de burocracias sindicais corruptas para desorientar e estrangular as lutas dos trabalhadores.

Contra isso, o Parti de l’égalité socialiste defende a construção de um movimento de massas de trabalhadores e jovens, independente das burocracias, para uma greve geral para derrubar Macron.

Macron está cortando as aposentadorias para enriquecer a oligarquia financeira em seu país, e financiar a guerra no exterior. Desde o início da pandemia de COVID-19, ele tem ajudado os bilionários da França, incluindo o homem mais rico do mundo, Bernard Arnault, aumentar sua riqueza em mais de 220 bilhões de euros.

Enquanto a classe dominante francesa trava uma guerra contra a Rússia na Ucrânia e discute o que fazer se Washington iniciar uma guerra contra a China, Macron defende que uma “economia de guerra” seja estabelecida em toda a Europa.

Para aumentar os gastos militares franceses em mais de 15 bilhões de euros por ano, ele está cortando as aposentadorias em mais de 13 bilhões de euros.

Quando Macron anunciou os cortes em janeiro, a esmagadora maioria do povo francês se opôs a ele. Milhões de trabalhadores e jovens marcharam em contínuos protestos em todo o país convocados por uma aliança de todas as burocracias sindicais da França.

Manifestantes num protesto em 19 de janeiro de 2023 em Paris contra a reforma da previdência de Macron [AP Photo/Lewis Joly]

Macron respondeu não como o presidente de um regime democrático, mas como o ditador de um Estado policial. Ele enviou uma tropa de choque fortemente armada para atacar milhões de pessoas exercendo seu direito de protestar e piquetes de trabalhadores exercendo seu direito constitucional de greve.

A classe dominante bloqueou todos os meios de se opor aos cortes de Macron dentro da estrutura do Estado capitalista existente. Macron fez seus cortes passarem pela Assembleia Nacional sem votação. Em março, a Assembleia se recusou a censurá-lo. Em abril, o Conselho Constitucional da França validou a “reforma”.

Houve revoltas em toda a França depois que Macron forçou a aprovação de seus cortes, e novamente depois que o Conselho Constitucional os validou.

A classe trabalhadora está em uma luta política contra o Estado capitalista. A França está em uma situação objetivamente revolucionária. As pesquisas da mídia capitalista mostram que dois terços são a favor de uma greve geral para paralisar a economia e derrubar Macron.

E depois que Macron aprovou seus cortes na Assembleia Nacional e, em toda a França, as sedes locais de seu partido estavam sendo totalmente queimadas, 62% das pessoas disseram que queriam que fossem tomadas medidas ainda mais fortes contra Macron.

Como é possível, então, que a vontade do povo não tenha sido efetivada? Como é possível que Macron continue no poder?

Assim como Macron passa por cima da vontade do povo, a burocracia sindical passa por cima da vontade dos trabalhadores. Com o apoio de um grupo patético de charlatães políticos, fraudulentamente apelidado de “esquerda” pela mídia capitalista, os dirigentes sindicais trabalham para salvar Macron.

Quando os tumultos irromperam contra a lei ilegítima de Macron, os burocratas denunciaram a “violência” e alertaram contra a “insanidade política”. Eles cancelaram a greve e pediram a Macron uma “mediação”.

Alguns deputados stalinistas da Nova União Popular de Jean-Luc Mélenchon encenaram uma falsa “marcha no palácio presidencial do Eliseu” apresentando educadamente a Macron uma petição pedindo que ele reconsiderasse.

Na realidade, não há nada o que negociar com Macron, o presidente que se autodenomina rei pelo direito divino dos bancos. Nosso partido não se esquece dos “sans-culottes” que invadiram a Bastilha e derrubaram a monarquia absolutista que governava por direito divino. Dizemos que os trabalhadores enfrentam hoje a tarefa de derrubar Macron.

Essa crise confirma novamente as lições que Marx e os bolcheviques tiraram da grande e trágica experiência da Comuna de Paris, em 1871. Foi a primeira vez que os trabalhadores se levantaram, tomaram o poder e construíram um Estado operário, para depois ser afogado em sangue pela República capitalista.

Rue de Rivoli após as batalhas de rua da Comuna de Paris [Photo: Tangopaso]

O Estado não faz a mediação entre as classes: é o produto da irreconciliação do conflito de classes. O Estado capitalista impõe a ditadura da classe capitalista. É isso que estamos testemunhando. A tarefa que os trabalhadores enfrentam não é reformar o Estado capitalista, mas construir novamente seus próprios órgãos independentes de luta e transferir o poder para essas organizações em uma revolução socialista.

Portanto, o Parti de l’égalité socialiste conclama os trabalhadores e os jovens a se mobilizarem de baixo para cima, independentemente das burocracias sindicais. O vasto poder social e industrial da classe trabalhadora deve ser mobilizado para derrubar Macron e abolir os poderes draconianos da presidência francesa.

Somente por meio de um poderoso movimento de base na classe trabalhadora a vontade do povo pode ser implementada, realizando uma greve geral para derrubar Macron.

O Parti de l’égalité socialisteconclama os trabalhadores e os jovens a convocar assembleias gerais em locais de trabalho e escolas e adotar resoluções exigindo a derrubada de Macron. O Parti de l’égalité socialiste defende a formação de comitês de ação, independente das burocracias sindicais, para coordenar essa campanha e realizar greves e protestos. Nosso objetivo é conscientizar os trabalhadores de sua força coletiva, e organizar a classe trabalhadora para preparar a greve geral.

Acima de tudo, o Parti de l’égalité socialiste luta para chamar a atenção dos trabalhadores para as lutas de classe que se desenrolam fora de seu próprio país.

Neste Primeiro de Maio, o dia da unidade proletária internacional, lutas em massa estão eclodindo em todos os continentes, e organizações de base estão surgindo em todo o mundo para travar essas lutas independentemente das burocracias corruptas.

Essas lutas poderosas mostram que o movimento contra Macron não é uma luta para substituir um presidente por outro, nem para montar um novo governo capitalista para substituí-lo. Elas fazem parte de uma grande e histórica luta contra o capitalismo, para transferir o poder para a classe trabalhadora, e para construir o socialismo. Obrigado.

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