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Perspectivas

O evento mórbido de Randi Weingarten, presidente da AFT

Publicado originalmente em 30 de setembro de 2021

Na sexta-feira, 1º de outubro, pais, educadores e trabalhadores internacionalmente estão planejando uma série de greves e protestos para se opor à reabertura homicida das escolas, que já infectou milhões de crianças em todo o mundo com a COVID-19. O poderoso chamado de greve na semana passada da mãe britânica Lisa Diaz ganhou amplo apoio em todo o Reino Unido, EUA, Canadá, Alemanha, França, Austrália, Sri Lanka, Japão e um número crescente de países em todo o mundo. Os trabalhadores estão assumindo cada vez mais o chamado para erradicar a COVID-19 de uma vez por todas com lockdowns temporários e a implementação de todas as medidas de saúde pública.

Enquanto os pais e os trabalhadores em todo o mundo se preparam para realizar em uma poderosa manifestação na sexta-feira, outra reunião de caráter muito diferente está ocorrendo na véspera.

Pôster oficial do evento incluindo o Open Schools USA (Crédito: @AFTunion via Twitter)

Na terça-feira, a AFT, o segundo maior sindicato de professores dos Estados Unidos, com cerca de 1,7 milhão de membros, anunciou que será co-anfitrião de um encontro na quinta-feira com o grupo de pais de extrema-direita Open Schools USA (Escolas Abertas dos EUA). O evento dará um palanque para os defensores da pseudociência que se opõem às vacinas contra a COVID-19, defendem o fim do uso obrigatório de máscaras e de todas as medidas de mitigação nas escolas, e procuram ativamente infectar todas as crianças com COVID-19 para desenvolver uma fictícia “imunidade de rebanho”.

O evento foi anunciado um dia após a publicação do relatório semanal da Academia Americana de Pediatria sobre infecções, hospitalizações e óbitos de crianças nos EUA, constatando que, pela quinta semana consecutiva, mais de 200 mil crianças foram oficialmente infectadas com a COVID-19. Durante essas cinco semanas, uma média de três crianças morreram de COVID-19 por dia. A grande maioria dessas infecções e mortes é o produto direto da reabertura total das escolas, que a administração Biden, os sindicatos de professores e os governos estaduais republicanos e democratas promoveram incansavelmente nos últimos dois meses, seja com as medidas de mitigação mais limitadas ou nenhuma.

O evento de quinta-feira será moderado pela presidente da AFT, Randi Weingarten, e pelo membro do Open Schools USA, Erich Hartmann. O discurso de abertura será dado pela fundadora do Open Schools USA, Michelle Walker, uma mãe de direita de Portland, no estado de Oregon.

Em 20 de setembro, Walker tuitou, “Manter as escolas abertas”. Eliminar o uso obrigatório de máscaras. Eliminar o uso obrigatório de vacinas. Impedir futuros decretos obrigando as vacinas. Abrir as nossas comunidades e o nosso país”. Ela é uma perversa oponente da educação pública e defende que os pais retirem seus filhos das escolas públicas para privá-las de financiamento.

Tuite da fundadora do Open Schools US, Michelle Walker

Dois dos “cientistas” da prefeitura estão entre os principais acadêmicos produzindo desinformação sobre a pandemia, o Dr. Jay Bhattacharya e a Dra. Tracy Høeg.

Bhattacharya é mais conhecido como um dos autores da Declaração de Great Barrington, que o World Socialist Web Site caracterizou como um “manifesto da morte”. O documento central dos defensores da estratégia de “imunidade de rebanho” defende a rápida infecção dos jovens para criar um chamado “escudo humano” em torno dos mais vulneráveis. Na prática, isso irá levar à infecção em massa de toda a sociedade e tem matado milhões de pessoas prematuramente no mundo inteiro.

Bhattacharya é uma figura do Instituto Hoover de direita na Universidade de Stanford e é promovido pelo governador fascistoide da Flórida, Ron DeSantis. Em agosto de 2020, Bhattacharya deu depoimento como especialista da Flórida em um julgamento sobre o decreto de DeSantis ordenando a completa reabertura das escolas sob pena de terem o financiamento retirado, com Bhattacharya fornecendo a justificativa pseudocientífica para as suas políticas.

Tuite de Jay Bhattacharya

Høeg é mais conhecida como uma oponente pública da vacinação de crianças. Em um recente estudo publicado como “pre-print”, ela afirmou falsamente que os jovens que são vacinados são mais propensos a hospitalização pela vacina do que pela COVID-19. Esse estudo foi rejeitado por três periódicos diferentes em estudos aprovados sob revisão por pares, mas as suas falsidades se espalharam pela mídia e foram promovidas por grupos de pais de extrema-direita, como o Open Schools USA, assim como por políticos fascistas como a deputada Marjorie Taylor Greeneda Geórgia.

O fato de Weingarten e a AFT terem se afiliado publicamente a essas forças de extrema-direita prova que todos os discursos sobre “mitigações” nas escolas sempre foram nada mais do que uma cobertura para as políticas de “imunidade de rebanho” das elites dominantes.

O evento mostra a realidade, de que os sindicatos não apenas não representam seus membros, mas são completamente hostis a eles. Após mais de mil educadores e mais de 250 crianças terem morrido por COVID-19 durante o último ano letivo, Weingarten tem sido a mais vocal defensora da reabertura total das escolas antes mesmo da maioria das crianças poderem tomar a vacina.

A postagem da AFT no Twitter anunciando o evento de quinta-feira provocou verdadeira indignação entre os pais e educadores, e também entre renomados cientistas.

Alguns dos comentários diziam acreditar que Weingarten é a ferramenta involuntária das forças de extrema-direita, e que este foi simplesmente um evento impensado organizado pelo sindicato. Na realidade, a aliança entre o sindicato e os elementos fascistas não é acidental. O objetivo do evento é trazer as camadas mais retrógradas e anticientíficas, dar-lhes visibilidade e justificar o fim das já limitadas medidas de mitigação implementadas nos distritos escolares liderados pelos democratas.

Na quarta-feira de manhã (29), Weingarten fez postagens defensivas no Twitter em que ela procurou justificar a promoção de fascistas pela AFT. Apesar de afirmar ser “pró vacina, pró máscaras nas escolas”, ela apontou: “Eu tenho conversado com o Open Schools USA há algum tempo, tendo conversas, escutando as suas preocupações. E decidimos ter um encontro juntos”. Ela acrescentou: “Ainda acho que dialogar, chegar a interesses comuns sobre a importância do aprendizado presencial seguro é vital”.

Em outras palavras, em segredo dos membros do AFT, Weingarten realizou reuniões com um grupo de pais de extrema-direita para tentar encontrar uma base comum sobre a qual eles possam coordenar sua campanha para reabrir totalmente as escolas. Enquanto “dialogam” com fascistas, Weingarten e a burocracia da AFT suprimiram toda a oposição dentro do sindicato, fechando as reuniões e discussões com os professores.

Além da extrema-direita, Weingarten também está profundamente ligada à administração Biden e ao aparato de Estado. Com um salário oficial de aproximadamente US$ 500 mil, ela possui uma posição no DNC, o comitê nacional dos democratas, e se identifica pessoalmente com o Estado e a oligarquia financeira. Ela personifica o caráter empresarial de todos os sindicatos hoje, fazendo valer os interesses das corporações e suprimindo qualquer expressão de oposição.

Em fevereiro, ela disse ao New York Times que estava passando mais de 15 horas por dia ao telefone com a Casa Branca, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) e seus subordinados sindicais coordenando a campanha de reabertura das escolas da administração Biden diante da oposição em massa entre os professores. Em um discurso em 13 de maio no qual ela exigiu a reabertura total das escolas no meio do ano, Weingarten deixou claros os motivos econômicos por trás dessa campanha, declarando: “Os pais dependem das escolas, não apenas para educar seus filhos, mas para que eles possam trabalhar”.

Weingarten também vê os fascistas como seus aliados contra os educadores cada vez mais militantes, que estão entrando em luta independentemente e em oposição às decrépitas burocracias sindicais.

A greve escolar de 1º de outubro é uma manifestação inicial de um movimento crescente da classe trabalhadora lutando para pôr fim à pandemia. Em todo o mundo, os trabalhadores formaram comitês de base independentes dos sindicatos e dos partidos políticos capitalistas, com o objetivo de levar adiante os seus próprios interesses sociais. Esses comitês estão promovendo cada vez mais uma estratégia para erradicar a COVID-19, o que exige o fechamento de todas as escolas e locais de trabalho não essenciais, um programa de vacinação em massa coordenado globalmente, testagem, rastreamento de contatos universais, isolamento seguro de pacientes infectados, uso de máscaras e a implementação de todas as outras medidas públicas para interromper a cadeia de transmissão viral.

Todos os políticos, burocratas sindicais e figuras da mídia que promoveram a reabertura prematura de escolas e locais de trabalho não essenciais antes que a pandemia fosse contida estão implicados em um massivo crime social pelo qual serão responsabilizados. Toda a experiência da pandemia deixou claro que somente a mobilização em massa da classe trabalhadora internacional, armada com um entendimento científico das medidas necessárias para erradicar a COVID-19, será capaz de pôr fim ao sofrimento desnecessário e à morte de milhões de pessoas em todo o mundo.

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