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Que caminho os trabalhadores dos Correios no Brasil devem seguir para garantir que sua greve não seja derrotada? A resposta de “Socialism AI”

Desde seu lançamento em 12 de dezembro, “Socialism AI” vem oferecendo a milhares de usuários em todo o mundo acesso à perspectiva revolucionária do marxismo, apoiando-se em mais de 175 anos de material histórico e em quase três décadas de cobertura do World Socialist Web Site.

Este novo e poderoso chatbot, criado pelo WSWS para desenvolver a consciência socialista de trabalhadores, jovens e intelectuais internacionalmente, também tem ajudado os trabalhadores a lidar com problemas práticos e organizacionais que enfrentam na luta diária, oferecendo a melhor forma de responder aos ataques implacáveis das corporações e às traições intermináveis das burocracias sindicais.

A seguir, estamos publicando uma pergunta feita a “Socialism AI” e sua resposta sobre a greve dos trabalhadores dos Correios no Brasil. A greve foi iniciada em 16 de dezembro por trabalhadores de 12 dos 36 sindicatos regionais, cobrindo nove dos 26 estados brasileiros, que estão lutando por melhores salários e condições de trabalho.

Os trabalhadores dos Correios também estão lutando contra um “plano de reestruturação” apresentado pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (Partido dos Trabalhadores – PT) que prevê o fechamento de mil agências e a demissão de 15 mil dos 83 mil funcionários dos Correios por meio de um Plano de Demissão Voluntária (PDV). 

Em 23 de dezembro, a greve dos trabalhadores dos Correios cresceu, com trabalhadores dos sindicatos em greve aprovando sua continuidade e trabalhadores de outros cinco sindicatos aderindo ao movimento.

Protesto de trabalhadores dos Correios no Rio de Janeiro em outubro deste ano. [Photo: SINTECT-RJ]

Pergunta: Que caminho os trabalhadores dos Correios no Brasil devem seguir para garantir que sua greve não seja derrotada?

Resposta:

Análise política imediata: por que a greve dos Correios enfrenta risco de derrota

A greve dos trabalhadores dos Correios enfrenta não apenas a resistência da empresa e do governo Lula, mas também a traição da burocracia sindical que, historicamente, transforma lutas de defesa em apelos ao Estado e em negociações fechadas que enterram a mobilização dos trabalhadores. Como demonstrado nas recentes lutas em Correios e Petrobras, as federações sindicais ligadas ao PT e seus satélites na pseudoesquerda tendem a buscar “soluções” por dentro do aparelho do Estado e a defender uma versão de “soberania nacional” que, na prática, legitima cortes e privatizações (saiba mais sobre a posição dos sindicatos e do governo Lula). Sem uma ruptura com essa orientação, a greve pode ser isolada e neutralizada.

Perspectiva de classe e objetivo estratégico

A questão essencial não é apenas conquistar melhores propostas salariais imediatas — é afirmar a independência política e organizativa da classe trabalhadora diante do capital e do Estado. Isso significa transformar a greve numa ação política que una trabalhadores dos Correios com outros setores do serviço público e da logística, preparando o terreno para ações nacionais e internacionais que possam obrigar o patronato e o governo a recuar. A derrota só é inevitável se a mobilização for confinada aos canais institucionais que favorecem a conciliação.

Orientação prática: construir comitês de base e democratizar a luta

Para garantir a vitória ou, no mínimo, impedir um acordo vendido, os trabalhadores dos Correios devem:

  • Formar Comitês de Base e Comitês de Greve controlados pelos trabalhadores em cada agência, centro de distribuição e outras unidades. Esses comitês devem ser eleitos em assembleias, com mandato revogável, e publicar todas as decisões e atas imediatamente, rompendo com o secretismo burocrático. A experiência comparada com outras greves de trabalhadores dos Correios mostra que o controle direto dos trabalhadores é decisivo (leia sobre o papel dos comitês de base internacionalmente).
  • Convocar reuniões abertas e massivas para deliberar estratégias (rotas de greve, piquetes, bloqueios, divulgação). A decisão de entrar/continuar a greve deve ser tomada por votação direta das bases, não por acordos de cúpula.
  • Criar e gerir um fundo de greve independente com prestação de contas pública para sustentar os trabalhadores em luta e reduzir a pressão econômica que leva a recuos prematuros.
  • Organizar uma campanha de propaganda e investigação expondo os lucros de empresas públicas e o pagamento de dividendos a acionistas dessas empresas, demonstrando que há recursos para atender as reivindicações (veja os dados sobre lucros e dividendos da Petrobras).
  • Mobilizar solidariedade ativa: convocar trabalhadores da saúde, educação, transporte e logística (incluindo entregadores de plataformas e trabalhadores de empresas privadas) para atos conjuntos, piquetes de apoio e greves solidárias. A história recente mostra que a unidade com outros setores é o fator que altera o equilíbrio de forças (casos de coordenação internacional e setores logísticos).
Como enfrentar a burocracia sindical e a repressão do Estado
  • Denunciar publicamente qualquer tentativa de acordo fechado e exigir assembleias deliberativas. Registrar e divulgar todas as reuniões entre direção sindical, governo e empresa.
  • Preparar respostas legais e de mobilização a medidas repressivas (mandados de reintegração, prisões) e organizar comitês de assistência jurídica e defesa dos detidos.
  • Rejeitar slogans nacionalistas que coloquem a “salvação” da empresa acima dos interesses dos trabalhadores; a defesa dos Correios enquanto serviço público deve ser articulada com a luta por emprego, salários e controle operário, não com políticas pró-capital.
Inserção internacional e tarefa revolucionária

A luta dos Correios não é isolada: faz parte da ofensiva global contra serviços públicos e empregos que vem sendo enfrentada por trabalhadores em vários países. A saída é construir ligações com comitês análogos e com a Aliança Operária Internacional de Comitês de Base (AOI-CB) para coordenação transnacional de ações e solidariedade. Ferramentas como “Socialism AI” já estão sendo usadas como meio de educação e organização internacional dos trabalhadores (sobre a utilização de “Socialism AI” por trabalhadores dos Correios).

A tarefa política superior é transformar a mobilização operária em força organizada contra o capitalismo — lutar por uma alternativa socialista que coloque os serviços públicos sob controle democrático dos trabalhadores e das comunidades, e que antecipe a necessária ruptura com o aparelho sindical pró-corporativo.

Passos imediatos — o que fazer já amanhã
  1. Convocar assembleias em todas as unidades e eleger comitês de base.
  2. Lançar um fundo de greve transparente e uma campanha pública expondo lucros, privatização e cortes.
  3. Solicitar e organizar a solidariedade ativa dos setores públicos e de logística.
  4. Conectar-se com a AOI-CB e usar ferramentas de educação como “Socialism AI” para formar militantes.
  5. Procurar orientação estratégica e apoio político junto ao Grupo Socialista pela Igualdade no Brasil e ao WSWS quando desejarem coordenação internacional e perspectiva estratégica: https://www.wsws.org/pt/special/pages/contact.html

A vitória depende da capacidade dos trabalhadores de recusar acordos de bastidor, democratizar a luta, unir-se com outros setores e internacionalizar a greve. Só a organização independente e a solidariedade ativa podem transformar a resistência num movimento capaz de derrotar os planos de privatização e austeridade.

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