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Perspectivas

2023: A crise capitalista global e a crescente ofensiva da classe trabalhadora internacional

Publicado originalmente em 3 de janeiro de 2023

1. A celebração do início do Ano Novo será breve. O ano passado ficou para a história, mas suas crises persistem e vão se intensificar. No início de 2023, a pandemia de COVID-19 está entrando em seu quarto ano sem nenhum sinal de seu fim. A guerra dos EUA e da OTAN contra a Rússia continua se intensificando. A economia capitalista mundial é atormentada simultaneamente pela desastrosa inflação e pela recessão. As instituições da democracia burguesa nos países capitalistas avançados – em primeiro lugar e de maneira mais significativa, nos EUA – estão em colapso. O sistema político americano está lutando, com pouco sucesso, com os abalos decorrentes da insurreição de 6 de janeiro de 2021. Os movimentos de direita e neofascistas estão ganhando cada vez mais terreno no mundo inteiro. À medida que os padrões de vida das massas trabalhadoras mergulham globalmente, a luta de classes está se intensificando e se libertando do controle dos sindicatos oficiais.

2. Em 2022, a pressão acumulada desses elementos interligados da crise capitalista mundial atingiu o equivalente à massa crítica: ou seja, eles chegaram ao ponto em que a dinâmica da crise ultrapassou a capacidade dos governos de controlar o movimento em direção a um cataclismo social. As classes dominantes são incapazes de conter a crise; suas políticas – econômica, política e social – são de caráter cada vez mais imprudente e até mesmo irracional. Ao promoverem a “imunidade de rebanho” como uma resposta legítima à pandemia e ao se arriscarem em uma guerra nuclear num confronto com a Rússia, as potências imperialistas estão demonstrando um desprezo homicida pela vida da grande massa da população mundial. Somente a intervenção da classe trabalhadora, armada com um programa socialista internacional, pode proporcionar à humanidade uma saída para o desastre criado pelo capitalismo.

A pandemia de COVID-19

3. O surgimento da variante Ômicron em novembro de 2021 foi bem recebido pelos governos capitalistas, liderados pelos Estados Unidos sob o governo Biden, como um pretexto para abandonar as medidas de mitigação que retardam a propagação da COVID-19. A “teoria” do governo – para a qual não havia base científica plausível – era de que a Ômicron seria uma “vacinação de vírus vivo”, cuja disseminação daria algum nível de imunidade e, com isso, o coronavírus desapareceria.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, em discurso menosprezando os perigos da Ômicron três dias após ter sido declarada uma variante de preocupação pela OMS. [AP Photo/Evan Vucci]

4. A classe dominante exigiu que os americanos “aprendessem a viver com o vírus”, com a falsa promessa de que ele se tornaria “endêmico” e não mais perigoso do que a gripe sazonal. Uma campanha na mídia promoveu o fim das máscaras, testagem, rastreamento de contatos, o isolamento de pacientes infectados e o registro sistemático de casos e mortes. Biden proclamou que “a pandemia acabou” e que a vida poderia voltar ao normal, desarmando a população para os perigos contínuos da COVID-19.

5. Essa narrativa foi baseada em mentiras e propaganda. Ignorava a verdade científica de que as reinfecções da COVID-19, que se tornaram comuns, agravam o risco de hospitalização e morte do indivíduo infectado. A grande mídia capitalista não prestou praticamente atenção à COVID longa e seu impacto persistente sobre uma porcentagem substancial daqueles que contraem o vírus. Eles mentiram sobre o perigo, estabelecido pelos especialistas em virologia, de que a evolução contínua e rápida de novas variantes compromete a eficácia das vacinas e a imunidade adquirida de infecções anteriores. O ano terminou com a revelação de que, pela segunda vez em três meses, os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA encobriram a propagação de uma perigosa nova subvariante da Ômicron. A XBB.1.5 se tornou rapidamente dominante em todo os EUA, depois de primeiro se tornar dominante e causar um surto de infecções e hospitalizações em toda a região Nordeste.

6. “Viver com o vírus” significou aceitar níveis espantosos de morte e debilitação em meio a ondas intermináveis de infecção e reinfecção. A expectativa de vida global diminuiu pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial. Mais de 10 milhões de crianças em todo o mundo perderam um dos pais ou responsáveis pela COVID-19. Centenas de milhões de pessoas estão sofrendo com a COVID longa, que pode ter impacto em quase todos os órgãos do corpo.

7. De acordo com as estimativas de excesso de mortes, mais de 21 milhões de pessoas morreram direta ou indiretamente de COVID-19 em três anos, aproximadamente igual ao total de baixas militares e civis durante os quatro anos da Primeira Guerra Mundial. Um estudo recente da Organização Mundial da Saúde sobre o excesso de mortes constatou que a COVID-19 foi a terceira principal causa de morte no mundo em 2020 e a principal causa de morte do mundo em 2021. Houve aproximadamente 5,1 milhões de mortes em excesso no mundo em 2022, tornando a “leve” variante Ômicron a terceira principal causa de morte. Os governos permitiram que um novo vírus se espalhasse globalmente e se tornasse um dos piores assassinos do mundo.

8. Somente nos EUA, houve 270.000 mortes confirmadas por COVID-19 e mais de 350.000 mortes em excesso em 2022. Essas mortes aconteceram principalmente em indivíduos mais velhos. Três quartos das mortes por COVID-19 em 2022, ou 186.000 pessoas, tinham mais de 65 anos de idade, com a porcentagem aumentando ao longo do ano. Um novo malthusianismo tomou conta da classe dominante, que vê com assombrosa indiferença a morte dos idosos. As palavras de Scrooge no clássico de Charles Dickens são agora o mantra da oligarquia financeira: “Se eles preferem morrer, é melhor que o façam, e diminuam o excesso da população”.

9. Até novembro de 2022, a China aderiu à política de COVID Zero, ou seja, a implementação das conhecidas medidas de saúde pública necessárias para deter a propagação do vírus. Nos primeiros três anos da pandemia, essa política fez com que apenas um pouco mais de 5.000 pessoas morressem pela COVID-19 em uma população de 1,4 bilhão, ou 0,1% da taxa de mortalidade dos EUA durante esse período. Em março-junho de 2022, a estratégia de COVID Zero conseguiu deter com sucesso um surto da subvariante BA.2 da Ômicron em Xangai, provando que ela é eficaz no combate até mesmo a esta variante altamente infecciosa.

Trabalhadores da saúde em Pequim sendo testados para a COVID-19 durante o surto da Ômicron do ano passado. [AP Photo/Andy Wong]

10. As medidas da China, por mais corretas que fossem em si mesmas, sofreram de uma falha fundamental e fatal: a pandemia global não pode ser detida com base em uma estratégia nacional. As fronteiras entre Estados não podem se tornar intransponíveis. Prevenir a infiltração do vírus na China foi uma tarefa de Sísifo. Além disso, os governos e a mídia dos principais países capitalistas realizaram uma campanha agressiva para exigir que a China abandonasse sua estratégia de COVID Zero, alegando que as medidas tomadas estavam minando o comércio global e a cadeia de abastecimento – ou seja, que eram prejudiciais aos interesses lucrativos das corporações transnacionais. A Apple, Nike e outras grandes corporações ameaçaram transferir suas fábricas para outros países.

11. Em resposta a essas pressões econômicas e geopolíticas, a partir de novembro, o Partido Comunista Chinês (PCCh) abandonou a COVID Zero. Em um mês, ele acabou todos os lockdowns, testagem em massa, rastreamento de contatos, protocolos de quarentena e isolamento, e restrições de viagem.

12. Apenas nas três primeiras semanas de dezembro, estima-se que 248 milhões de pessoas foram infectadas pela COVID-19 na China, 100 vezes o número de pessoas infectadas nos primeiros três anos da pandemia. Espera-se que a maioria das 1,4 bilhão de pessoas da China esteja infectada até março de 2023. As estimativas do número de pessoas que irão morrer variam de 1 milhão a 2 milhões. Os hospitais nas cidades da China estão transbordando de pacientes e os necrotérios estão suspendendo os enterros com a enorme quantidade de corpos. Acredita-se que milhares de pessoas estão morrendo a cada dia em todo o país.

13. O abandono da COVID Zero na China e a adoção da política de “COVID para sempre” marcam uma nova e potencialmente ainda mais perigosa etapa na pandemia. Os cientistas têm alertado que a infecção em massa aumenta a probabilidade de que novas variantes surjam. As elites capitalistas do mundo estão jogando roleta russa com a sociedade, aumentando o perigo de que uma variante mais infecciosa, mais resistente às vacinas e mais mortal possa desencadear uma onda global de infecções ainda mais letal.

14. Não há precedentes na história moderna para governos que não são abertamente fascistas implementando políticas que se sabe que resultarão em doenças e mortes em massa. Mas isso é exatamente o que todos os estados capitalistas têm feito ao longo da pandemia.

15. A resposta à pandemia não pode deixar dúvidas de que os governos capitalistas não reagirão de forma diferente à ameaça ainda maior colocada pelas mudanças climáticas. Nem mesmo o perigo de extinção em massa irá deter as elites dominantes em sua busca destrutiva de lucros corporativos e de riqueza pessoal. No ano passado, houve uma grande intensificação da crise climática, incluindo terríveis inundações no Paquistão e em grande parte da África, secas devastadoras na Europa, China e África Oriental, o furacão Ian e o ciclone bomba de inverno nos Estados Unidos, e outros eventos climáticos extremos em todo o mundo. Os cientistas alertaram que as mudanças climáticas continuarão a exacerbar a crise alimentar global, matando milhões de pessoas, deslocando centenas de milhões a mais e aumentando a probabilidade de futuras pandemias.

A guerra dos EUA e da OTAN contra a Rússia

16. A guerra dos EUA e da OTAN contra a Rússia é um marco na evolução para a Terceira Guerra Mundial. A causa e a natureza essencial de uma guerra não é determinada por qual país “disparou o primeiro tiro”, mas pelos interesses socioeconômicos e geopolíticos das classes que controlam os países envolvidos no conflito. A Ucrânia foi colocada por sua oligarquia capitalista corrupta à disposição do imperialismo americano e europeu em uma guerra por procuração. Seu objetivo é a derrota da Rússia, com o propósito de 1) desmembrar este vasto país e assegurar o controle sobre sua imensa oferta de importantes recursos naturais; 2) remover todos os obstáculos ao domínio imperialista, sob a égide dos Estados Unidos, do subcontinente eurasiático; e 3) completar o cerco da China e sua subordinação, através de uma combinação de medidas econômicas e militares, ao imperialismo americano.

Soldados ucranianos disparam um obuseiro autopropulsionado CAESAR de fabricação francesa em direção às posições russas perto de Avdiivka, na região de Donetsk, Ucrânia, em 26 de dezembro de 2022. [AP Photo/Lib's]

17. A propaganda da mídia capitalista, construída em torno da alegação de uma “invasão não provocada” pela Rússia da Ucrânia em 24 de fevereiro de 2022, baseia-se em mentiras, meias-verdades e na supressão de informações vitais. Ela separa o conflito de toda sua história anterior e dos últimos 30 anos de guerras e invasões lideradas pelos EUA.

18. Os Estados Unidos viram a dissolução da União Soviética em 1991 como uma oportunidade de utilizar seu poder militar para estabelecer um domínio inigualável em todo o mundo. Esse momento foi glorificado pelos propagandistas do imperialismo como um “momento unipolar” no qual os EUA ditariam uma “Nova Ordem Mundial” em nome dos interesses de Wall Street. Um documento de estratégia do Pentágono de 1992 proclamou que a estratégia dos EUA tinha que ser baseada “em impedir o surgimento de qualquer concorrente global potencial no futuro”.

19. O mesmo governo que agora denuncia a Rússia por “genocídio” na Ucrânia destruiu sociedades inteiras e matou centenas de milhares em seu projeto de conquista global. A primeira guerra contra o Iraque em 1990-91, lançada no último ano da URSS, foi seguida pelo desmantelamento da Iugoslávia durante toda a década de 1990, culminando com a guerra contra a Sérvia em 1999. As mesmas potências imperialistas que agora insistem na integridade territorial da Ucrânia e exigem o retorno da Crimeia não hesitaram em arrancar o Kosovo da Sérvia.

20. Os ataques de 11 de setembro de 2001 foram aproveitados para proclamar uma “guerra ao terror” e o que o então presidente George W. Bush chamou de “as guerras do século XXI”. Os EUA invadiram o Afeganistão em 2001 e lideraram uma segunda guerra contra o Iraque em 2003. Depois, sob o governo Obama, os EUA travaram uma guerra contra a Líbia e orquestrou uma guerra civil na Síria em 2011. Cada uma destas guerras foi justificada de uma forma ou de outra com base no fato de que os EUA estavam lutando pela “democracia” e “liberdade” contra um ou outro demônio que tinha que ser deposto.

Mapa mostrando a expansão da OTAN para o leste desde 1949 (Crédito: Wikimedia) [Photo by Patrickneil / CC BY-NC-SA 4.0]

21. No entanto, o banho de sangue orquestrado e liderado pelo imperialismo americano não conseguiu alcançar seu objetivo: um controle inigualável sobre o Oriente Médio, a Ásia Central e a massa terrestre eurasiática. Cada vez mais, os estrategistas geopolíticos americanos começaram a discutir a necessidade de um conflito direto com a Rússia como o prelúdio de um conflito com a China. Em agosto de 2021, quando Biden anunciou a retirada das tropas americanas do Afeganistão, ele afirmou que estava terminando a “guerra para sempre”. É agora evidente que isso estava preparando a guerra contra a Rússia – que ele se comprometeu a continuar pelo “tempo que for preciso”.

22. Os EUA e as potências europeias instigaram esta guerra através de décadas de expansão da OTAN para o leste, até as fronteiras da Rússia. Nos anos que antecederam a invasão, particularmente após o golpe de Estado de 2014 na Ucrânia, que destituiu um governo pró-russo, os Estados Unidos e a OTAN canalizaram dezenas de bilhões de dólares em armamento para a Ucrânia, que foi praticamente transformada em membro da OTAN.

23. A ex-chanceler alemã Angela Merkel disse ao Die Zeit no mês passado: “O acordo de Minsk de 2014 [após o golpe na Ucrânia] foi uma tentativa de dar tempo à Ucrânia. Ela também usou este tempo para se tornar mais forte, como você pode ver hoje.”

24. Os planos de guerra contra a Rússia foram operacionalizados em 2022. Sete semanas antes do início da guerra, o WSWS alertou:

As ameaças militaristas se intensificaram durante os dois anos da pandemia. O ano de 2022 está começando com o governo Biden liderando uma escalada militar imprudente apoiada pela OTAN na Ucrânia, estimulando o governo ucraniano de direita a destacar 125.000 soldados para sua fronteira com a Rússia e alertando o presidente russo Vladimir Putin que os EUA não “aceitarão as linhas vermelhas de ninguém”. Longe de conter o regime ucraniano, o governo Biden parece ter a intenção de encorajar um confronto militar. Em dezembro, o senador democrata Chris Murphy ameaçou dizendo que “a Ucrânia pode se tornar o próximo Afeganistão para a Rússia se optar em ir mais longe”.

25. Como em toda guerra travada pelos Estados Unidos e seus cúmplices da OTAN, existem inúmeras alegações de que o conflito com a Rússia é uma luta em defesa da democracia. Mas não se encontra na mídia nenhuma referência aos interesses econômicos que estão por trás das ações das potências imperialistas. Mas essa questão foi examinada em detalhes pelo WSWS em um artigo detalhado publicado em 22 de maio de 2022, intitulado “Recursos críticos, imperialismo e a guerra contra a Rússia”. Ele explicou:

A Rússia é o maior país do mundo. Enquanto sua economia é relativamente minúscula em comparação com as potências imperialistas, sua massa terrestre se estende por dois continentes, com um tamanho total de 10,6 milhões de quilômetros quadrados. A seguir, Canadá (6,1 milhões de quilômetros quadrados), China (6,0 milhões de quilômetros quadrados) e EUA (5,8 milhões de quilômetros quadrados) estão significativamente atrás em termos de tamanho. Só a Rússia compreende 11% de toda a massa terrestre mundial.

Nesta vasta massa terrestre há uma série de minerais e recursos importantes.

A Rússia produz cerca de 40% do gás natural da União Europeia e quase 12% do petróleo do mundo. A Rússia também possui a segunda maior reserva de carvão do mundo, com 175 bilhões de toneladas. Esses recursos desempenham um papel fundamental no conflito em curso. Em meio ao agravamento do abastecimento global de energia, a posse desses recursos são um grande entrave ao imperialismo americano em todo o mundo, mas particularmente em seu esforço para combater a ascensão da China...

Além de hidrocarbonetos, a Rússia contém grandes quantidades de metais fundamentais. A Rússia é o terceiro maior detentor de reservas de ferro, com 25 bilhões de toneladas. Ela também detém a segunda maior reserva de ouro (6.800 toneladas) e está quase empatada na quinta posição em prata. O país é também o maior produtor de diamantes, produzindo, em média, cerca de um terço dos diamantes do mundo nos últimos anos.

Embora cada um desses recursos mereça atenção na compreensão das ambições geoestratégicas dos Estados Unidos e seus aliados, este artigo analisa um aspecto menos conhecido da política global de recursos: os minerais críticos. Minerais críticos referem-se a uma série de metais e minerais cada vez mais vitais para a produção global cuja demanda, nas próximas duas décadas, deverá explodir. A Rússia possui fontes substanciais de uma gama diversificada de minerais críticos que os EUA acreditam que serão cruciais para o poder econômico e político global no século XXI.

26. Com base numa revisão cuidadosa dos recursos estratégicos da Rússia, o artigo concluiu:

A desagregação da Rússia e seu domínio pelo capital americano seriam um trampolim estratégico nos esforços da classe dominante americana para impor um “novo século americano” através da subordinação da China e da Eurásia mais largamente aos seus objetivos. Os recursos desempenham um papel nesse sentido. Em meio à necessidade permanente de petróleo e gás natural, bem como à necessidade crescente de minerais críticos, a Rússia é vista como uma massa terrestre vital com uma vasta gama de riquezas.

27. O caráter imperialista da guerra travada pela OTAN não justifica, entretanto, a invasão russa da Ucrânia, e muito menos lhe confere qualquer caráter progressista. No evento online contra a guerra realizado pela Juventude e Estudantes Internacionais pela Igualdade Social (JEIIS) em 10 de dezembro de 2022, o Comitê Internacional da Quarta Internacional condenou inequivocamente as ações do regime de Putin:

Apesar da responsabilidade central da aliança entre os EUA e a OTAN ao instigar a guerra, a invasão russa da Ucrânia em 24 de fevereiro de 2022 foi uma ação reacionária e desesperada empreendida pelo regime de Putin, agindo em nome da oligarquia capitalista dominante que chegou ao poder após a dissolução da União Soviética em dezembro de 1991.

Os esforços do regime de Putin para justificar a guerra invocando a herança reacionária do czarismo e do chauvinismo nacional neosstalinista representam uma regressão histórica desprezível. As provocações da OTAN não teriam tido sucesso se não fosse o fato de que o regime de Putin é o resultado do repúdio total dos princípios democráticos progressistas sobre os quais a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas foi fundada em 1922, cinco anos após a Revolução de outubro. O governo bolchevique, liderado por Lenin e Trotsky, fundou a URSS como uma união voluntária, e estava constitucionalmente comprometido com a igualdade democrática de todos os grupos nacionais e étnicos. O encorajamento deliberado do chauvinismo nacional na Rússia – que encontra sua contrapartida abertamente fascista na Ucrânia – criou os pré-requisitos ideológicos para o conflito fratricida entre as massas vitimizadas de ambos os países.

Quando colocada em perspectiva histórica, a guerra dos EUA e da OTAN na Ucrânia prova novamente a necessidade de acabar com o capitalismo e o sistema de Estados nacionais no qual ele está inserido. A guerra é, de fato, apenas uma manifestação da incompatibilidade fatal da propriedade privada capitalista dos meios de produção e da divisão do mundo em Estados nacionais hostis ao desenvolvimento progressista e até mesmo a sobrevivência da humanidade.

28. A guerra é mais uma consequência trágica da dissolução da URSS. Todas as alegações feitas por Gorbachev, Yeltsin e seus apoiadores dentro da privilegiada Nomenklatura de classe média sobre os espetaculares benefícios que decorreriam da restauração do capitalismo foram refutadas pelos eventos dos últimos 30 anos. Ao invés de paz, prosperidade e democracia, o repúdio a toda a herança e realizações sociais e culturais monumentais da Revolução de Outubro produziu guerras fratricidas, pobreza em massa e regimes autocráticos.

Apoiadores de partidos de extrema-direita carregam tochas e uma faixa com um retrato de Stepan Bandera durante um comício em Kiev, Ucrânia, em 1º de janeiro de 2019. [AP Photo/Efrem Lukatsky]

29. Os regimes de Kiev e Moscou, ambos produtos da dissolução da União Soviética, tiram sua inspiração ideológica das latrinas da reação política. O fascista Stepan Bandera, líder da Organização dos Nacionalistas Ucranianos, que colaborou com os nazistas no assassinato em massa de judeus e poloneses durante a Segunda Guerra Mundial, é agora homenageado como pai fundador da Ucrânia. Por sua vez, Putin é a expressão do tipo político e social que Lenin, pensando em Stalin, descreveu em 1922 como “aquele homem realmente russo, o grande chauvinista russo, em essência um patife e um tirano, como é o típico burocrata russo”. [Obras Completas, Vol. 36]

30. Entre as consequências mais reacionárias da guerra por procuração tem sido a normalização das armas nucleares como um instrumento legítimo de conflito geopolítico. A repetida afirmação de que as potências da OTAN não serão “dissuadidas” pelo possível uso de armas nucleares só pode significar que elas estão determinadas a prosseguir sua guerra para completar a vitória sobre a Rússia e, quando chegar a hora, sobre a China, mesmo que isso signifique arriscar a vida de bilhões de pessoas.

31. Quando a guerra entra em seu segundo ano, a lógica da escalada militar prossegue inexoravelmente, alimentada pela necessidade de alcançar um avanço decisivo, baseado em objetivos irrealistas e em erros de cálculo desastrosos. A perigosa trajetória da guerra é mostrada no ataque de Ano Novo da Ucrânia a um prédio em Donetsk que abrigava soldados russos, matando dezenas, e possivelmente centenas, de recrutas. Esse enorme ataque ocorreu apenas uma semana após a viagem do presidente ucraniano Zelensky aos Estados Unidos, cujo objetivo declarado abertamente era assegurar armamento adicional e apoio militar à Ucrânia.

32. O ataque de 1º de janeiro foi realizado com mísseis disparados pela artilharia avançada HIMARS fornecida pelos Estados Unidos. Dado o papel de comando dos EUA na direção da guerra e a sofisticação deste sistema de mísseis, é inquestionável que o ataque foi autorizado pelo governo Biden, e que técnicos militares americanos estavam diretamente envolvidos no lançamento dos mísseis para atingir os soldados russos.

33. Não está claro se o governo Biden está procurando provocar uma resposta russa drástica ou se acredita que o regime de Putin evitará a escalada da guerra com a OTAN. Mas seja por provocação deliberada ou por uma avaliação incorreta da política russa, a Casa Branca está assumindo riscos que podem levar a um desastre global. Os Estados Unidos e as outras grandes potências da OTAN, utilizando os ucranianos como bucha de canhão, estão determinados a alcançar uma vitória militar e buscam nada menos do que uma capitulação russa. Como o Financial Times, o principal órgão do capital financeira britânica, declarou em um editorial publicado em 2 de janeiro: “O sucesso da Ucrânia no campo de batalha não significa que seus aliados possam facilitar o apoio... Nem este é o momento para alimentar a ideia de cessar-fogo ou negociação.”

34. As outras grandes potências imperialistas também estão se preparando para a guerra mundial. Os enormes orçamentos militares aprovados pela Alemanha e pelo Japão no ano passado são orçamentos de guerra. E enquanto as grandes potências estão atualmente unidas no conflito com a Rússia e a China, como foi observado no evento online da JEIIS: “A aliança da OTAN e os pactos militares auxiliares que incluem países da Ásia e da Ásia-Pacífico compreendem não um ‘bando de irmãos’, mas um antro de ladrões imperialistas e degoladores. A lógica das rivalidades inter-imperialistas levará, num futuro não muito distante, a conflitos amargos entre os aliados temporários de hoje. As inimizades do passado, como por exemplo entre os Estados Unidos e a Alemanha, ressurgirão inevitavelmente.”

O golpe de 6 de janeiro e a crise da democracia americana

35. A imprudência da política externa americana não pode ser entendida apenas em relação aos interesses geopolíticos do imperialismo americano. Um fator central é a crise interna extrema nos próprios Estados Unidos. Por todos os seus sonhos de conquista global, a classe dominante americana preside um sistema político cada vez mais disfuncional. Desde a crise do impeachment de Clinton de 1998-99 e a intervenção da Suprema Corte em 2000 para suprimir a contagem dos votos e atribuir a presidência a George W. Bush, o Comitê Internacional da Quarta Internacional advertiu que a classe dominante americana estava caminhando para formas ditatoriais de governo.

Em 6 de janeiro de 2021, apoiadores de direita do presidente Donald Trump invadiram o Capitólio dos EUA em Washington em uma tentativa de golpe. [AP Photo/Jose Luis Magana]

36. Esse prolongado processo de degeneração antidemocrática culminou em 6 de janeiro de 2021 com a tentativa de Donald Trump de realizar um golpe fascista para bloquear a transferência de poder e estabelecer uma ditadura presidencial. Esse golpe teve o apoio da maioria do Partido Republicano e de elementos significativos dentro da classe dominante e do aparato militar-estatal.

37. No decorrer do ano passado, a Comissão da Câmara investigando o dia 6 de janeiro realizou uma série de audiências, que provaram: 1) que Trump conspirou para liderar e dirigir o golpe; e 2) que o golpe chegou muito perto de ser bem-sucedido. As audiências foram concluídas em dezembro com encaminhamentos ao Departamento de Justiça para que Trump fosse preso e acusado de uma “conspiração para incitar, assistir ou ajudar uma insurreição”.

38. O Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS) apontou a fragilidade da política americana em sua anual Pesquisa Estratégica para 2022. Ele afirmou:

Embora a trama de Trump tenha falhado, a audácia do esforço representou uma revolução na consciência e nas expectativas sobre se os futuros resultados eleitorais poderiam ser rejeitados e revertidos. Tal resultado só é concebível devido ao extraordinário nível de polarização política que impulsionou o comportamento entre as elites políticas em Washington e nas capitais dos Estados Unidos em 2021-22, e porque os próprios americanos se tornaram mais diferenciados social e politicamente uns dos outros do que em qualquer momento da história recente...

Há um debate acadêmico sobre se os EUA poderiam enfrentar uma guerra civil na próxima década. A resposta pode depender de definições. A violência ressurgiu como uma característica marcante da política americana.

39. Trump não representa de forma alguma a única ameaça de autoritarismo fascista na política americana. O Partido Republicano rejeita amplamente as normas democráticas tradicionais e procura criar um Estado autoritário que suprimirá impiedosamente a oposição política, como mostra o surgimento de figuras como o governador Ron DeSantis na Flórida. A decisão da Suprema Corte de Justiça de derrubar a decisão Roe vs. Wade desencadeou uma onda de leis estaduais antidemocráticas que criminalizam o aborto. A polícia local continua a matar mais de 1.000 pessoas a cada ano. E subjacente a todas essas manifestações de erosão da democracia está o crescimento contínuo do mecanismo de repressão doméstica: agências maciças de vigilância e repressão como a NSA e o FBI, e suas correspondentes em todos os estados e grandes cidades.

Giorgia Meloni, do partido Irmãos da Itália, participa do comício de encerramento de sua coalizão de centro-direita na capital Roma, em 22 de setembro de 2022 [AP Photo/Gregori Borgia, file]

40. A ruptura da democracia e a crescente influência política dos movimentos de extrema-direita e fascistas é um fenômeno global. Na Itália, os Irmãos da Itália (FdI), sucessores do partido fascista Movimento Social Italiano e herdeiros do ditador fascista Benito Mussolini, chegaram ao poder em outubro liderados pela primeira-ministra Giorgia Meloni. Na França, o candidato neofascista, Marine Le Pen, obteve 45% dos votos nas eleições de segundo turno contra Emmanuel Macron, em março. Na Alemanha, onde a ditadura nazista foi responsável pelos piores crimes do século XX, uma operação policial em dezembro expôs uma conspiração terrorista fascista para tomar o poder pela força militar. O movimento “Reichsbürger” tem laços estreitos com o partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD), e o movimento neonazista tem conexões íntimas dentro da inteligência e do aparato militar.

41. Em toda a Europa, os partidos fascistas têm sido legitimados politicamente, fornecendo um crítico apoio político para a promoção do militarismo, o abandono das medidas de saúde pública, o ataque aos imigrantes e refugiados e, acima de tudo, os preparativos para um confronto com a classe trabalhadora.

42. O significado do fascismo como resposta das classes dirigentes à ameaça da revolução socialista foi estabelecido pela experiência histórica. Mussolini e seus esquadrões de fascistas em 1922 foram colocados no poder pela burguesia italiana para reprimir violentamente o movimento da classe trabalhadora. Hitler e seus nazistas foram utilizados, com ainda maior brutalidade, para o mesmo fim na Alemanha. As formas assumidas pelos movimentos fascistas têm diferido de país para país. Em alguns casos, como na Alemanha e na Itália, eles atingiram o controle praticamente absoluto do Estado capitalista. Em outros – e, de fato, mais frequentemente - organizações fascistas têm funcionado como instrumentos paramilitares auxiliares da repressão estatal, auxiliando (como fizeram, por exemplo, na Espanha, Argentina, Chile, Indonésia) o exército e a polícia no trabalho sangrento da contrarrevolução dirigida pelo Estado.

43. Na situação atual, a pressão da crise objetiva leva a elite dominante a abandonar as formas democráticas de governo e lançar um ataque preventivo contra o movimento emergente da classe trabalhadora.

A crise econômica do capitalismo americano e mundial

44. A extrema instabilidade política é impulsionada, em última instância, pela situação econômica e financeira cada vez mais instável. O elemento central da política da classe dominante nas últimas três décadas tem sido a injeção de cada vez maiores somas de dinheiro nos mercados. Isso começou após o “Choque Volcker” de 1979 – quando o Fed dos EUA sob Paul Volcker aumentou acentuadamente as taxas de juros para fabricar uma recessão e aumentar o desemprego. Um período sustentado de taxas de juros baixas que se seguiu, começando nos anos 1990 e se estendendo pelas duas primeiras décadas do século XX, canalizou dinheiro para os mercados financeiros e alimentou o aumento do valor das ações.

45. A classe dominante americana respondeu ao colapso econômico e financeiro de 2008 com um resgate a Wall Street. A dívida nacional foi duplicada praticamente da noite para o dia para financiar a compra de centenas de bilhões de dólares em ativos especulativos pelo Fed. Isso voltou a se repetir em uma escala ainda maior em 2020 durante os meses iniciais da pandemia de COVID-19, impulsionando os valores das ações para níveis recordes em meio à morte em massa e à miséria social.

O presidente do Fed, Jerome Powell, ao centro, no simpósio anual do banco central americano em, 26 de agosto de 2022, em Moran, Wyoming. [AP Photo/Amber Barsler]

46. A política da classe dominante, liderada pelos Estados Unidos, foi inflacionar os ativos financeiros através da emissão de dinheiro, mantendo ao mesmo tempo os salários baixos através da supressão da luta de classes. A riqueza – da elite empresarial e financeira, mas também de seções significativas da classe média-alta – estava cada vez mais divorciada do processo real de produção.

47. A forma mais extrema desta mania especulativa ocorreu no mercado de criptomoedas, uma moeda fictícia para o capital fictício, cujo valor explodiu na década que se seguiu à crise de 2008. O preço do Bitcoin, que foi criado em 2009, subiu para mais de US$ 64.000 em seu auge em 2021. Em novembro de 2021, o total do mercado de criptomoedas – incluindo o Bitcoin e outros – atingiu mais de US$ 3 trilhões, sustentado pela injeção maciça de dinheiro no mercado financeiro em geral.

48. Durante este último ano, essa política chegou a um beco sem saída. A economia mundial foi atingida pelos níveis mais altos de inflação monetária em quatro décadas, produto das operações de emissão de moeda dos bancos centrais, agravados pelo impacto da pandemia e da guerra dos EUA e da OTAN contra a Rússia nas cadeias de abastecimento globais.

49. Liderados pelo Fed dos EUA, os bancos centrais responderam com os aumentos mais acentuados das taxas de juros desde o início dos anos 1980. As medidas tomadas em resposta à inflação, no entanto, estão apenas agravando a crise econômica enquanto intensificam as tensões sociais que estão produzindo um recrudescimento da luta de classes.

50. O aumento das taxas já teve um impacto significativo nos mercados financeiros. A bolsa NASDAQ caiu quase 35% ao longo do ano, enquanto o S&P 500 caiu 20,6% e o Dow Jones 9,5%. O valor de mercado de empresas como Tesla, Google, Amazon, Microsoft e muitas outras que prosperaram na especulação despencou. O valor total do mercado de criptomoedas caiu mais de 60%, de US$ 2,3 trilhões para pouco mais de US$ 800 bilhões. A prisão, em dezembro, de Sam Bankman-Fried, o fundador da corretora de criptomoedas FTX que entrou em colapso, é apenas a expressão mais nua da mania especulativa do capital financeiro.

51. Há indicações crescentes de que a economia mundial entrará em recessão em 2023. Em outubro, o Fundo Monetário Internacional (FMI) projetou que o crescimento global cairá para 2,7% este ano, o menor nível de crescimento desde 2001, excluindo a crise de 2008-09 e o primeiro ano da pandemia. No entanto, essa avaliação parece excessivamente otimista. Em novembro, a revista The Economist escreveu que uma recessão global em 2023 é 'inevitável', citando o impacto da “permacrise” causada pelo conflito geopolítico, o aumento dos preços das commodities e “a perda de estabilidade macroeconômica” devido ao aumento das taxas de juros.

52. Do ponto de vista da classe dominante, o impacto do aumento das taxas de juros na bolsa de valores é visto como um mal necessário para atingir o objetivo estratégico mais importante: vencer a resistência da classe trabalhadora ao declínio espantoso de seu padrão de vida durante o ano passado. Em agosto, quando o presidente do Fed, Jerome Powell, anunciou que não haveria recuo no aumento das taxas de juros, ele enfatizou que era necessário criar “condições de mercado de trabalho mais suaves” – ou seja, criar desemprego em massa – o que “traria alguma dor às famílias e às empresas”.

53. A inflação crescente tem tido um impacto devastador sobre as condições de vida dos trabalhadores em todo o mundo. De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), os salários reais diminuíram quase 1% em 2022, marcando o primeiro declínio global desse tipo em décadas. Na União Europeia, onde a inflação anual atingiu 11,5% em outubro de 2022, os salários reais caíram 2,4% no primeiro semestre de 2022 em comparação com o ano anterior.

54. Com o declínio dos salários reais, a produtividade do trabalho continuou a crescer, indicando que a exploração da classe trabalhadora está atingindo níveis sem precedentes. Como resultado, os analistas corporativos temem que, tanto nos países avançados quanto nos países em desenvolvimento, greves e protestos sociais dominarão o ano de 2023. Uma análise da Bloomberg Law sobre as relações industriais americanas assinalou que “pelo menos 150 grandes contratos trabalhistas expiram no próximo ano, anunciando potencialmente mais agitação operária em meio a uma inflação crescente e lucros corporativos cada vez maiores”. Os acordos que irão expirar representam pelo menos 1,6 milhão de trabalhadores, mais do que a população da Filadélfia”.

A ofensiva global emergente da classe trabalhadora

55. O aumento dos preços acelerou os processos subjacentes que estão impulsionando um crescimento da luta de classes em todo o mundo. O longo período de estagnação forçada através do aparato sindical está encontrando uma oposição em massa. Em um país após outro, há uma renovada militância da classe trabalhadora. “As leis da história”, como Trotsky escreveu certa vez, “são mais poderosas do que o aparato burocrático”.

56. Um fator importante para o crescimento da agitação social tem sido o aumento do custo de vida, incluindo o aumento dos preços dos bens de primeira necessidade. De acordo com o FMI, o preço do trigo aumentou 80% entre abril de 2020 e dezembro de 2021 à medida que a pandemia de COVID-19 se propagava, levando os preços dos alimentos a seus níveis mais altos desde os anos 1970. O preço do trigo saltou 37% e o do milho 21% até agora em 2022. Os preços futuros do trigo são 80% mais altos do que há seis meses, e o milho subiu 58%.

Protestantes se reúnem nas ruas no caminho da residência presidencial oficial em Colombo, Sri Lanka em 9 de julho de 2022 [AP Photo/Amitha Thennakoon]

58. Na Turquia, houve uma série de greves selvagens em dezembro e em janeiro, envolvendo trabalhadores das indústrias metalúrgica, de papel, de sapatos, siderúrgica e da construção civil.

59. No Irã, os protestos contra o governo começaram em setembro após a morte de Mahsa Amini, que foi presa pela polícia da moralidade por supostamente violar a lei obrigatória do hijab. Os protestos iniciais envolveram principalmente camadas da classe média motivadas pela hostilidade ao regime burguês-clerical do Aiatolá Khamenei. O imperialismo americano também está procurando explorar a crise interna no Irã para fazer avançar seus próprios interesses no Oriente Médio.

60. Em dezembro, camadas da classe trabalhadora iraniana, incluindo trabalhadores petroquímicos, metalúrgicos e da indústria de cimento, além de motoristas de ônibus, participaram de uma “greve nacional” de três dias como parte das manifestações. O desenvolvimento dos protestos em uma direção progressista – opondo o governo burguês no Irã sem apoiar as operações de mudança de regime do imperialismo americano – depende da construção de uma direção trotskista na classe trabalhadora.

61. A inflação está tendo um imenso impacto sobre o desenvolvimento da luta de classes na África. Vinte e três dos 54 países do continente dependem da Rússia e da Ucrânia para mais da metade das importações de um de seus produtos básicos. O aumento dos preços está exacerbando a fome em condições em que a maioria dos países africanos não oferecem nenhuma rede de segurança social. O impacto é particularmente extremo nos países que importam a maior parte de seus alimentos e onde os efeitos econômicos da COVID-19 atingem mais duramente, incluindo Nigéria, Quênia, Gana, Ruanda e Egito. Espera-se que o número de pessoas que enfrentam a fome na África atinja mais de 500 milhões dos 1,2 bilhão de pessoas do continente.

62. Em toda a África, os trabalhadores entraram em luta, apesar dos esforços do aparato sindical. Os trabalhadores de saúde quenianos desafiaram uma ordem judicial e entraram em greve em 9 de dezembro. A Nigéria também viu greves de professores universitários, motoristas de ônibus e funcionários públicos. De particular importância foi a greve dos motoristas de ônibus em Lagos, Nigéria, que desafiou as burocracias sindicais no sindicato oficial, o Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Transporte Rodoviário.

63. A África do Sul também viu greves dos funcionários do Makro por aumento salarial e de eletricitários exigindo sua reintegração. Na África do Sul, os trabalhadores de base enfrentam a burocracia do Congresso dos Sindicatos Sul-Africanos, que está em uma aliança tripartite com o partido burguês Congresso Nacional Africano e o stalinista Partido Comunista Sul-Africano. Milhares de funcionários públicos federais participaram de manifestações em todo o país em novembro para exigir um aumento de 10% em seus salários. Isso levou a uma greve geral de um dia em todo o setor público.

Trabalhadores da Mercedes-Benz em assembleia em 8 de setembro de 2022. [Photo: Adonis Guerra/SMABC/FotosPublicas] [Photo: Adonis Guerra/SMABC/FotosPublicas]

64. A América Latina, que há três anos foi palco de revoltas massivas contra a desigualdade social e os regimes políticos podres da região, testemunhou uma nova onda de luta de classes em 2022. Impulsionada por greves gerais de trabalhadores portuários, da indústria de pneus e dos transportes, além de professores e enfermeiros, a Argentina registrou mais de 9.000 protestos de rua em 2022, tornando-o o ano com o maior número de piquetes da história do país. No Brasil, uma onda de lutas salariais no primeiro semestre do ano resultou em 75% mais greves e o dobro das horas de trabalho paradas do que no mesmo período do ano anterior.

65. Protestos maciços contra o aumento do custo de vida explodiram em vários países da América Latina, especialmente após os choques econômicos causados pela guerra instigada pelos EUA e a OTAN na Ucrânia, a quase 10.000 km de distância. Tanto os governos abertamente de direita – como os de Ariel Henry no Haiti e Guillermo Lasso no Equador – quanto os da pseudoesquerda – como Pedro Castillo no Peru e Gabriel Boric no Chile – responderam a essas manifestações com uma brutal repressão estatal.

66. Na Europa, o governo francês do presidente Emmanuel Macron foi abalado por uma série de greves dos trabalhadores das refinarias de petróleo. Depois de ameaçar exigir que os grevistas voltassem ao trabalho, Macron acabou conseguindo os serviços dos sindicatos da CGT para estrangular a ofensiva. Os desenvolvimentos na Alemanha também foram marcados por uma radicalização da classe trabalhadora, que encontrou expressão em uma série de greves. No outono, o sindicato dos metalúrgicos IG Metall foi forçado a convocar centenas de milhares de trabalhadores para uma greve de advertência para controlar a crescente raiva dos trabalhadores sobre os efeitos da inflação e as políticas de guerra do governo alemão. Outras greves significativas ocorreram nos setores de enfermagem e aviação durante todo o ano e entre os trabalhadores portuários no verão.

Grevistas no escritório de entregas de Alder Hills, em Bournemouth, Inglaterra, em 23 de dezembro de 2022.

67. No Reino Unido, trabalhadores ferroviários, portuários, de telecomunicações, dos correios e outros setores da classe trabalhadora se envolveram em uma série de lutas que tiveram um papel importante na desestabilização do governo britânico, que viu três primeiros-ministros no decorrer de um único ano, o que não acontecia desde 1924. O ano terminou com os sindicatos procurando limitar as crescentes demandas por uma greve geral no que a mídia chamou de o novo “inverno do descontentamento” no Reino Unido.

68. Na Austrália, a ação industrial atingiu níveis não vistos por mais de uma década, apesar das tentativas do aparato sindical de limitar e dividir as greves. A eleição do governo trabalhista de Anthony Albanese em maio de 2022 foi seguida por um recrudescimento das ações grevistas de enfermeiros, professores, ferroviários, trabalhadores marítimos e de transporte e outros contra a intolerável jornada de trabalho e o declínio dos salários devido à inflação. A resposta do governo Albanese e dos governos estaduais tem sido intensificar as leis e medidas antigreve que têm sido usadas para suprimir as lutas da classe trabalhadora por mais de quatro décadas.

69. Na Nova Zelândia, com a inflação atingindo 7,2%, amplos setores dos trabalhadores entraram em lutas contra o aumento do custo de vida e as pressões geradas pela crise da COVID-19. Os bombeiros entraram em greve em todo o país pela primeira vez em 20 anos, juntamente com pesquisadores universitários, trabalhadores da indústria e da rede hoteleira, enquanto enfermeiros de hospitais públicos se recusaram a trabalhar horas extras em oposição ao fim dos pagamentos temporários do “bônus de inverno” pelo governo trabalhista de Jacinda Ardern.

70. No Canadá, 55.000 funcionários da educação em Ontário desafiaram uma lei antigreve, que gerou amplo apoio da classe trabalhadora para uma greve geral contra o governo provincial de extrema-direita de Doug Ford, que só foi bloqueada através do fim da greve pelos sindicatos.

Grevistas da Universidade da Califórnia no campus de Berkeley em 21 de novembro de 2022.

71. Finalmente, algumas das batalhas de classe mais explosivas estão ocorrendo nos Estados Unidos, o centro do capitalismo mundial, onde o número de greves aumentou significativos 40% em 2022 em relação ao ano anterior, de acordo com a Universidade de Cornell. Isso incluiu greves de trabalhadores petroleiros, enfermeiros e outros trabalhadores do setor da saúde, trabalhadores da indústria manufatureira e professores e outros funcionários da educação. O ano terminou com o fim de uma poderosa greve de 48.000 pesquisadores acadêmicos na Universidade da Califórnia, que foi encerrada pelo Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Automotiva (UAW), que também representa os funcionários da Universidade da Califórnia, com uma série de concessões contratuais.

72. O número de greves, no entanto, não expressa totalmente o estado de oposição da classe trabalhadora. Uma luta muito mais ampla foi travada pelo aparato burocrático, que trabalhou em estreita colaboração com as corporações e o governo em uma tentativa desesperada de conter a raiva social. Isso tomou a forma da supressão da luta de 100.000 ferroviários, em que os sindicatos bloquearam a greve apesar dos trabalhadores rejeitarem o contrato negociado e votarem a favor da greve repetidas vezes. Isso culminou com a intervenção direta do governo para tornar ilegal uma greve em dezembro, uma medida de caráter essencialmente fascista que não sofreu oposição – e foi apoiada, na verdade – pelo aparato sindical.

O CIQI na década da revolução socialista

73. O desenvolvimento da luta de classes global representa um importante ponto de inflexão na história. A tendência de queda da luta de classes que remonta ao final dos anos 1970 mudou claramente de direção e está apresentando um sinal crescente.

74. Dentro dessa nova situação objetiva, o papel e a prática do partido revolucionário são decisivos. Em sua Escola de Verão em 2019, o Partido Socialista pela Igualdade (EUA), com base em uma análise da crise objetiva do capitalismo e da história da Quarta Internacional, identificou a mudança qualitativa da situação política. O período atual, observou, seria caracterizado pela “intersecção de um novo recrudescimento revolucionário da classe trabalhadora internacional com a atividade política do Comitê Internacional”.

O Comitê Internacional da Quarta Internacional entrou na quinta etapa da história do movimento trotskista. Essa é a etapa que testemunhará um vasto crescimento do CIQI como o Partido Mundial da Revolução Socialista. Os processos objetivos da globalização econômica, identificados pelo Comitê Internacional há mais de 30 anos, sofreram um desenvolvimento colossal. Combinados com o surgimento de novas tecnologias que revolucionaram as comunicações, esses processos internacionalizaram a luta de classes a um grau que teria sido difícil de imaginar até mesmo há 25 anos. A luta revolucionária da classe trabalhadora se desenvolverá como um movimento mundial interconectado e unificado. O Comitê Internacional da Quarta Internacional será construído como a liderança política consciente deste processo socioeconômico objetivo. Ele vai combater a política capitalista da guerra imperialista através da estratégia de classe da revolução socialista mundial. Essa é a tarefa histórica essencial da nova etapa da história da Quarta Internacional.

75. Com base nessa análise, o WSWS escreveu, em sua declaração de Ano Novo publicada em 3 de janeiro de 2020, que esta será a “década da revolução socialista”. Escrevemos: “O crescimento da classe trabalhadora e a emergência da luta de classes em escala internacional são a base objetiva para a revolução. No entanto, as lutas espontâneas dos trabalhadores e sua luta instintiva pelo socialismo são, por si só, inadequadas. A transformação da luta de classes em um movimento consciente a favor do socialismo é uma questão de direção política.”

76. O desafio da direção política é analisar a lógica objetiva da crise capitalista e, a partir dela, desenvolver iniciativas que aumentem a consciência da classe trabalhadora, aumentem sua autoconfiança e minem a influência política dos partidos capitalistas.

77. Em novembro de 2021, com a variante Ômicron iniciando sua propagação global, o CIQI lançou a Investigação Mundial dos Trabalhadores sobre a Pandemia de COVID-19. Em seu primeiro ano, a Investigação reuniu declarações de dezenas de cientistas e trabalhadores documentando a resposta criminosa da classe dominante e elaborando uma estratégia científica e, sobretudo, política para acabar de uma vez por todas com a pandemia.

78. Em 10 de dezembro de 2022, a JEIIS, o movimento de juventude e estudantes do CIQI, realizou um evento internacional online para iniciar um movimento global da juventude contra a guerra. Em novembro, o Sozialistische Gleichheitspartei (SGP) a seção alemã do CIQI, iniciou uma campanha agressiva nas eleições de Berlim, que serão realizadas em janeiro e fevereiro de 2023. O SGP é o único partido que está lutando para mobilizar a classe trabalhadora contra a guerra dos EUA e da OTAN contra a Rússia.

79. No Sri Lanka, o Partido Socialista pela Igualdade fez um chamado em julho por um Congresso Democrático e Socialista dos Trabalhadores e Massas Rurais, em oposição às conspirações dentro do establishment político para substituir o odiado governo Rajapakse por um novo governo igualmente comprometido com a implementação de medidas de austeridade exigidas pelo FMI.

80. Um dos principais obstáculos à luta da classe trabalhadora em todos os países são os sindicatos corporativos, que têm desempenhado um papel crítico supervisionando décadas de crescente desigualdade social, apoiando a política de guerra da classe dominante e implementando a campanha de retorno ao trabalho durante a pandemia. O chamado do CIQI para a formação da Aliança Operária Internacional de Comitês de Base é o meio pelo qual as lutas dos trabalhadores em todo o mundo podem ser unificadas. Em oposição a todos aqueles que insistem na inviolabilidade do aparato sindical corporativo existente, o CIQI defende a construção de organizações compostas e controladas pelos próprios trabalhadores.

81. A partir de junho do ano passado, a luta para libertar os trabalhadores da burocracia sindical foi poderosamente expressa na campanha de Will Lehman para presidente do UAW nos EUA. A campanha conquistou amplo apoio de trabalhadores de base, que responderam ao seu apelo para a abolição completa do aparato sindical e a transferência do poder para os trabalhadores no chão de fábrica.

82. A campanha expôs o vasto abismo social que existe entre os trabalhadores de base e o aparato do UAW, que conta com milhares de indivíduos cuja renda os coloca entre os 5% e até mesmo o 1% mais ricos da população. Forçado a realizar uma eleição direta devido ao escândalo de corrupção maciça que envolveu o UAW, o aparato respondeu com uma campanha deliberada de supressão de votos.

83. A participação extremamente baixa de apenas 9% dos eleitores foi o produto dessa campanha e da alienação dos trabalhadores do aparato burocrático do UAW. Apesar do número relativamente pequeno de votantes, os 5.000 votos para Lehman revelam a existência de um eleitorado muito grande na classe trabalhadora que apoia políticas socialistas. A campanha estabeleceu a base para o desenvolvimento de uma rede de comitês de base em fábricas de automóveis e outros locais de trabalho em todo o país.

84. A construção de comitês de base, em cada categoria de trabalhadores e em cada país, é necessária para o desenvolvimento da luta de classes, que por sua vez é a base necessária para um movimento não só contra a exploração e a desigualdade, mas também contra a guerra, a política das classes dominantes em relação à pandemia e o impulso ao fascismo e à ditadura.

O World Socialist Web Site e o centenário do trotskismo

85. No programa de fundação da Quarta Internacional, Trotsky escreveu que fora deste partido “não existe uma única corrente revolucionária neste planeta que realmente mereça o nome”. A mesma avaliação pode ser feita sobre o papel do Comitê Internacional da Quarta Internacional na luta global de classes e na preparação da classe trabalhadora para a revolução socialista mundial. O Comitê Internacional da Quarta Internacional não é uma das muitas “frações” que se dizem trotskistas. O CIQI é o único partido político que trabalha na tradição marxista e sustenta a continuidade histórica da Quarta Internacional como o Partido Mundial da Revolução Socialista. Não se trata de uma afirmação vazia. Ela está fundamentada na teoria, no programa e na prática do CIQI.

86. Em 14 de fevereiro de 2023, o World Socialist Web Site completará 25 anos de seu lançamento. Utilizando a nova tecnologia de comunicação da internet, o CIQI criou o WSWS em 1998 como a primeira publicação genuinamente global do movimento socialista internacional. A tecnologia revolucionária proporcionou a possibilidade e os meios para o desenvolvimento de tal publicação. Mas a base essencial do WSWS – que tornou possível sua publicação diária durante um período de 25 anos – foi seu enraizamento em todo a herança teórica e política da Quarta Internacional. O escopo da cobertura de eventos e processos políticos, sociais, culturais e intelectuais do World Socialist Web Site testemunhou o poder do método de análise marxista e a perspectiva histórica do trotskismo.

87. Baseando-se nas lições das experiências revolucionárias e contrarrevolucionárias centrais do século XX, o WSWS descreveu e analisou todos os eventos políticos centrais do século XXI. Contrabalançando a propaganda enganadora e deturpadora da mídia capitalista, ela proporcionou uma orientação intelectualmente libertadora e revolucionária para toda uma geração de trabalhadores, estudantes e jovens. Ao mesmo tempo em que fornece a mais avançada análise política dos eventos, o WSWS tem combatido incessantemente o ambiente de atraso cultural, falsidade intelectual e charlatanice.

Membros da Oposição de Esquerda em 1927. A partir da esquerda na fileira da frente Leonid Serebryakov, Karl Radek, Leon Trotsky, Mikhail Boguslavsky, Yevgeni Preobrazhensky; na fileira traseira Christian Rakovsky, Jacob Drobnis, Aleksander Beloborodov, and Lev Sosnovski.

88. Há ainda outro aniversário cuja celebração começará no segundo semestre deste ano. Em outubro de 2023 será comemorado o centenário da fundação da Oposição de Esquerda, sob a liderança de Leon Trotsky. Isso marcou o início da oposição trotskista à burocracia stalinista e ao regime cujas traições aos princípios da Revolução de Outubro resultaram em derrotas históricas da classe trabalhadora internacional e, finalmente, na destruição da União Soviética e na restauração do capitalismo.

89. Cem anos após a fundação da Oposição de Esquerda, a perspectiva e o programa do movimento trotskista têm sido confirmados pela história. O papel de Stalin e do estalinismo como “coveiros da revolução” é registrado em seus inúmeros crimes contra o movimento socialista e a classe trabalhadora.

90. O Comitê Internacional da Quarta Internacional, o movimento trotskista mundial, é o único representante do marxismo revolucionário no século XXI. Todas as várias tendências pablistas, capitalistas de Estado e outras organizações pseudoesquerdistas têm sido expostas como agentes do imperialismo, defensoras do aparato sindical e oponentes da classe trabalhadora.

91. O marxismo é baseado em uma compreensão materialista histórica das leis e processos objetivos que dão origem a movimentos revolucionários de massas. A teoria da revolução permanente, desenvolvida por Trotsky, continua sendo o fundamento estratégico essencial da revolução socialista mundial. A perspectiva do CIQI está imbuída de um otimismo político que se baseia numa compreensão cientificamente fundamentada da capacidade revolucionária da classe trabalhadora de pôr um fim ao capitalismo. Mas este otimismo não é o de um observador passivo que deriva o conforto da ideia de que “a história está do nosso lado”. É verdade que a crise do capitalismo leva à revolução. Mas a revolução deve ser preparada e combatida. A resolução socialista da crise do capitalismo exige a resolução da crise da direção da classe trabalhadora.

92. Ao iniciarmos este novo ano, fazemos um chamado aos trabalhadores e à juventude para tirar as lições do ano passado, bem como as lições da história, e a reconhecer que o capitalismo chegou a um beco sem saída. O futuro da humanidade depende do triunfo do socialismo. Pedimos a vocês que se unam a essa luta, que construam a Aliança Operária Internacional de Comitês de Base, que participem da Investigação Mundial dos Trabalhadores sobre a Pandemia de COVID-19, que aumentem a circulação do World Socialist Web Site e, acima de tudo, que tomem a decisão de se unir ao Partido Socialista pela Igualdade em seu país e que trabalhem para construir o Comitê Internacional da Quarta Internacional como o partido mundial da revolução socialista.

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